"Aldir Blanc - Dois pra lá, dois pra cá" no Cineclube Goitacá
Matheus Berriel 13/11/2018 18:18 - Atualizado em 16/11/2018 16:29
A edição desta quarta-feira (14) do Cineclube Goitacá prestará homenagem ao compositor e escritor carioca Aldir Blanc Mendes, 72 anos. O professor e pesquisador Marcelo Sampaio apresentará o documentário “Aldir Blanc — Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, lançado em 2004, com direção de Alexandre Ribeiro de Carvalho, André Sampaio e José Roberto de Morais. A sessão está marcada para as 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, situado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
De acordo com Marcelo Sampaio, o documentário faz um passeio sobre a vida de Aldir Blanc, desde sua infância e adolescência. Fala sobre seus primeiros contatos com a música e conta com depoimentos de alguns de seus grandes parceiros. Moacyr Luz, Guinga, João Bosco e Sueli Costa estão entre as participações especiais. Também marca presença o pai de Aldir, Ceceu Rico, inclusive numa cena em seu aniversário de 80 anos.
— Eu sou pesquisador de música popular brasileira. Então, me interesso por todos os documentários que tratam de compositores da nossa MPB. Aldir Blanc é um desses compositores mais interessantes, porque, por mais que seja psicólogo, ele sempre esteve envolvido com música. É parceiro de pessoas conceituadíssimas, como João Bosco, seu parceiro mais constante. O Moacyr Luz, Guinga, Paulo César Pinheiro, são todos parceiros do Aldir Blanc. E ele ainda tem uma coisa muito interessante, um daqueles acasos da vida, que não sei se são mesmo acasos ou predestinações. Ele nasceu no bairro do Estácio, onde Ismael Silva fundou a primeira escola de samba que existiu no Rio de Janeiro, a Deixa Falar. E depois, foi criado no bairro de Vila Isabel, berço do compositor Noel Rosa. Então, acho que é quase uma predestinação à música na vida do Aldir Blanc — disse Marcelo.
Segundo o apresentador da noite, no documentário, há diversas cenas vividas no subúrbio carioca. Também na obra, Aldir Blanc faz comentários sobre a Tijuca, bairro onde mora: “Ele fala que o tijucano está em eterno estado de sítio. Para o pessoal da Zona Norte, o tijucano é um semi-ipanemense. E para o pessoal da Zona Sul, é um suburbano. Fica exatamente neste estado de sítio, meio indefinido”. Outra cena marcante é protagonizada por Moacyr Luz, explicando como foi o encontro inesperado em que ele, Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro acabaram escrevendo “Saudades da Guanabara”, considerada por Marcelo uma das músicas mais bonitas da MPB.
Membro assíduo do Cineclube Goitacá, Marcelo Sampaio já fez mais de 20 apresentações. Para ele, trata-se de uma luta em nome da memória artístico-cultural brasileira. “Até antes dessa crise política, que agora está se antecipando como uma das piores que a gente já teve, nós éramos uma resistência. Agora, continuamos sendo, e cada vez mais necessários. Somos uma resistência cultural em Campos. Nosso município tem vivido de resistências culturais em diversas áreas. Na área do audiovisual, o Cineclube tem um papel importantíssimo, porque exibe, muitas vezes, filmes antigos que não foram exibidos em Campos, e ainda filmes novos que também não serão”, comentou.
Nascido em 2 de setembro de 1946, no Rio de Janeiro, Aldir Blanc é autor de músicas como “O Bêbado e a Equilibrista”, em parceria com João Bosco. A canção foi imortalizada na voz de Elis Regina e virou uma espécie de hino na luta contra a ditadura militar. O nome do documentário é inspirado na música “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, outra composta por Aldir e João Bosco e gravada por Elis Regina.

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