O fino da bossa
Matheus Berriel 08/11/2018 12:28 - Atualizado em 12/11/2018 17:21
Festa de fim de ano da Folha da Manhã
Festa de fim de ano da Folha da Manhã / Equipe Vilson Correia
A noite da última terça-feira (6) ficou marcada pela 20ª festa de fim de ano da Folha da Manhã, realizada no Teatro Municipal Trianon, em Campos. Amigos, assinantes, patrocinadores e parceiros prestigiaram o evento, que encerrou a comemoração pelo 40º aniversário do Grupo Folha, celebrado em janeiro. Foi entregue durante a festa a 19ª edição do Troféu Folha Seca, destinado aos campistas que se destacam fora de nossos limites, divisas e até mesmo fronteiras. Neste ano, o prêmio ficou com a presidente do Grupo Coface no Brasil, Marcele Lemos. As atrações musicais foram o Mister Bossa Nova, Roberto Menescal, e o Quarteto do Rio, finalizando o evento com show em homenagem aos 60 anos do ritmo musical.
Diretora-presidente do Grupo Folha, Diva Abreu Barbosa falou sobre a importância histórica da festa de fim de ano. “A Folha sempre se voltou para a cultura. Buscamos lembrar que o Brasil tem coisas bonitas, coisas que valem a pena. Coisas que o mundo reverencia, talvez até mais que nós, como é a Bossa Nova”, afirmou. Ao citar a importância de todos os patrocinadores, Diva destacou a parceria histórica com o presidente do Grupo MPE, o empresário Renato Abreu, grande incentivador dos eventos culturais: “Após o primeiro show, no ano seguinte nós não fizemos, porque achamos que o primeiro tinha sido marcante, que era um evento apenas para aquele ano. Não imaginamos um circuito. Mas, o Renato Abreu nos cobrou. Então, passamos a fazer, e hoje estamos no 20º”.
Foi das mãos de Diva que Marcele Lemos recebeu o Troféu Folha Seca, assim batizado em alusão ao chute peculiar que consagrou justamente seu primeiro homenageado, o futebolista Waldir Pereira, “Didi”, bicampeão do mundo com a Seleção Brasileira, em 1958 e 1962.
— Me falaram que a homenagem seria muito bonita, mas eu não imaginava que seria tão emocionante e tão rica em detalhes. Muito obrigada. É uma grande honra receber essa homenagem. Tenho muito orgulho dessa cidade, onde minha história começou. Foi aqui que nasci, dei meus primeiros passos, aprendi a ler e escrever minhas primeiras palavras e fiz meus grandes amigos. Enfim, foi aqui que construí a base de minha essência, que levo comigo por onde eu vou — falou Marcele, 41 anos, que preside a seguradora de crédito francesa Coface em território brasileiro desde 2011. Ainda em seu discurso, a campista fez agradecimentos a Deus, aos familiares, amigos e professores do Externato Regina e Centro Escola Nossa Senhora Auxiliadora (Censa).
Outro momento emocionante foi a exibição de um vídeo em lembrança de personagens já falecidos que tiveram atuações marcantes nos 40 anos da Folha, entre eles os fundadores Aluysio Cardoso Barbosa, Andral Tavares e Pereira Junior, o colunista Fernandinho Gomes, responsável pela coluna “Mistura Fina” por 36 anos, do início do jornal até o seu falecimento, em janeiro de 2015, e outros diversos ex-funcionários. Também foi reverenciado o ex-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o empresário Edvar Freitas Chagas, grande amigo da casa, que morreu em junho deste ano.
O show — Natural do Espírito Santo, Roberto Menescal já passou várias vezes por Campos, inclusive para apresentações ao lado de Nara Leão e Leila Pinheiro. Porém, não fazia um show na cidade há cerca de 10 anos. O evento de terça-feira também foi especial para ele, um dos fundadores da Bossa Nova, atualmente com 81 anos. “São 40 anos do jornal, 20 anos de show, 60 anos da Bossa Nova... Estamos juntando tudo isso, fazendo um pot-pourri dessas festas todas. O pessoal me pergunta muito sobre como a gente começou, há 60 anos, e foi um início muito forte. Me perguntam se eu tenho muita saudade do passado. Digo que não. Eu tenho saudade do futuro. Ele é que vai me trazer coisas novas. Essa é uma dica de como eu penso. Quem quiser usar isso, é muito bom”.
Dividindo palco com Menescal, o Quarteto do Rio fez seu show de lançamento do CD Mr. Bossa Nova, de 2017, com direito a uma primorosa iluminação. Apesar de Elói Vicente (violão/voz), Neil Teixeira (baixo/voz) e Fábio Luna (bateria/voz) já terem se apresentado na planície goitacá pela antiga formação de Os Cariocas, este foi o primeiro show do grupo atual. Após a morte do maestro Severino Filho, em 2016, Leandro Freixo (teclado/voz) passou a fazer parte do quarteto.
“Prazer estar aqui novamente, em Campos. Na fase de Os Cariocas, foram muitas vezes, sempre muito agradáveis e divertidas”, falou Neil. “É sempre bom, a gente sempre é muito bem recebido aqui. É uma festa da cultura brasileira”, ressaltou Elói. “Neste show, a gente comemora os 60 anos da Bossa Nova e os 80 de Roberto Menescal, que ele completou no ano passado”, destacou Leandro. “Poder ter um teatro tão bonito para fazermos música brasileira, isso é uma maravilha. E são 40 anos de jornal e 20 anos desta festa. É muito louvável, algo para a gente bater palma. Estamos muito felizes em participar desta celebração”, acrescentou Fábio.
Estar nos bastidores de um show promovido pela Folha não foi novidade para o produtor musical Djalma Marques. Antes de Roberto Menescal e o Quarteto do Rio, o carioca já havia trazido a Campos artistas do naipe de Pery Ribeiro (2004), Moraes Moreira (2005), Miele e Leny Andrade (2009).
— Sempre admirei esse trabalho. São 20 anos que a Folha faz esse evento. Falta isso na mídia. A Folha tem uma importância muito grande para Campos, porque está sempre antenada em relação a isto. Infelizmente, no Brasil, as pessoas estão muito mais preocupadas em fazer um trabalho voltado para o momento do que para a história. Não tenho nada contra Pablo, Anitta... Cada um tem que mostrar o seu trabalho. Mas, a imprensa não pode tirar o direito desses grandes artistas da história da música brasileira — afirmou.

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