Natural de Recife e residindo no Farol de São Tomé, Daniel Pereira de Lima é um artista completo. Mas seu trabalho de arte se desenvolve na tradição de esculpir no barro. De suas mãos saem imagens de santos, utensílios e objetos de decoração. Autodidata, iniciou na arte aos 12 anos de idade na terra natal, inspirado nos mestres e artesãos do Nordeste.
— Passei a juventude em Tracunhaém, município brasileiro do estado de Pernambuco, que tem a arte com o barro em evidência e desenvolvi minha arte graças à vivência e proximidade dos artesãos locais. Com Mestre Nuca, Luiz Gouveia as primeiras lições e acabei apaixonado por trabalhar o barro e transformar a minha arte. — explicou o artista.
Daniel fala de sua paixão pela escultura e a grande influência na arte sacra dos mestres do barroco brasileiro Aleijadinho e Osmundo Teixeira. Também se inspira no surrealismo e sensualidade do contemporâneo Francisco Brennand, além de criar temas livres e abstratos.
Em suas obras utiliza de técnicas variadas, entre elas rolinho, placas, blocos, repuxagem, fundição e torneamento. Domina todas as etapas do processo criativo, desde a preparação da plasticidade do barro. Confecciona as ferramentas e tornos, modela e esculpe, além de construir os fornos para queima das obras, em atelier próprio.
— O barro permite os movimentos das mãos. Mãos executoras que têm seus movimentos orientados por forças ora conscientes ora inconscientes. Uma vontade intensa de se expressar. Movimentos lentos ou rápidos, às vezes delicados ou brutos e agressivos. São obras saindo das próprias mãos. Além do trabalho em barro desenvolvo temas em papier machê com reutilização de objetos — revela.
Um artista e um sonhador. De seu atelier, Daniel parte para novos vôos e aceita convites para oficinas de iniciação à modelagem em barro. Seu sonho é difundir a técnica de esculpir imagens de santos, ampliando seu aprendizado e descobrir novos talentos para a arte da escultura.
— Meu objetivo é despertar a criatividade e sensibilidade dos alunos para a arte, mostrar alternativa de conhecimento, agindo como facilitador no resgate da autoestima e na descoberta de novas habilidades e ao mesmo tempo oferecer a eles a possibilidade de transmitir sua mensagem através da produção artística — ponderou.
Artista e inspiração para jovens. Na cidade de Laje do Muriaé, onde ministrou oficina de modelagem no Centro Cultural Maria Beatriz Daniel, é exemplo que ajuda a descobrir novos talentos para a arte. Leonardo Moraes, 19 anos, se inspirou no mestre e já esta preparando seus primeiros trabalhos e fala do que a arte representa para ele.
— Para mim, Daniel foi uma pessoa muito importante e me ajudou a despertar ainda mais o desejo que tenho de trabalhar voltado pra arte sacra. Foi no barro que também melhorei minha autoestima e me ajudou a controlar a ansiedade — disse o jovem.
— Para falar do Daniel é simples até porque a humildade e simplicidade que ele e o profissional de um talento incomparável. Eu adorei fazer o curso de cerâmica com ele, amo a arte. A arte está no meu sangue, a explicação que ele nos passa é clara e explícita. Aprendi muito e vou guardar todos os detalhes comigo e sempre que puder vou praticar mais. Digo isso porque como desenhista, letrista e trabalho com decoração fica um pouco complicado para me dedicar mais – ponderou Eleandro Gama da Silva. (A.N.)