"Brazil: O Filme" causa perplexidade na plateia
Jhonattan Reis 01/11/2018 18:18 - Atualizado em 03/11/2018 14:40
Isaías Fernandes
“A característica do diretor Terry Gilliam é a desmesura, a doideira. É um filme atípico. E uma tarefa para nós é tentar entender por que o filme se chama ‘Brazil’”. O comentário foi feito pelo advogado e publicitário Gustavo Oviedo, que apresentou o longa-metragem “Brazil: O Filme” (Brazil, 1985), na noite de quarta-feira (31), no Cineclube Goitacá. A sessão aconteceu na sala 507 do edifício Medical Center, no Centro de Campos, com entrada gratuita.
Na trama, Sam Lowry (Jonathan Pryce) vive num Estado totalitário, controlado pelos computadores e pela burocracia. Neste Estado futurista, todos são governados por fichas e cartões de crédito e, ainda, precisam pagar por tudo, até mesmo pela permanência na prisão. Em meio à opressão, Sam acaba se apaixonando por Jill Layton (Kim Greist), uma terrorista.
Gustavo Oviedo descreveu a obra como uma “fantasia orwelliana”.
— O filme tem muito de “1984”, romance de George Orwell. Gilliam cria um mundo distópico muito parecido com o do livro de Orwell. A história já se passa em um tempo e lugar não definidos. A única descrição é que tudo acontece em algum lugar, no século XX. A obra é uma grande distopia, um futuro onde a sociedade está sendo governada por um sistema opressivo e a burocracia invade tudo, paralisando as atividades humanas — disse.
O apresentador da noite comentou que “o universo imaginário do diretor é muito vasto”.
— É um filme desmesurado, exagerado. Toda a obra é retratada como se fosse um pesadelo. O diretor, que é americano, se destacava pela animação.
Outro ponto citado é que o longa foi filmado em uma época em que não havia tecnologia digital.
— Por isso, tudo o que é tecnológico no filme tem um aspecto muito estranho, artesanal. No entanto, o visual da obra é muito interessante.
Após a exibição, Oviedo comentou que acredita que o filme se chama “Brazil” porque o Brasil seria entendido como um sonho, um paraíso.
— Isso explica o lugar onírico para onde foi o personagem principal pouco antes do final. Na época, muitos tentaram relacionar o sistema falho do governo apresentado na história com a ditadura militar do Brasil, que havia acabado há pouco quando aconteceu o lançamento. Porém, acredito que a referência seja por um lado contrário, com essa questão do sonho, como eu disse. Até porque, no século XX o Brasil era visto como um lugar ótimo e bonito, tanto é que muitas das vezes em que algum personagem fugia dos Estados Unidos em um filme vinha para o Rio de Janeiro.
O crítico de cinema Felipe Fernandes comentou que achou o contrário:
— Já eu entendi o nome como sendo o contrário, porque acabou que o lugar perfeito, que seria comparado ao Brasil, na verdade não existia. Era sonho.
Outro destaque de Gustavo Oviedo foi o trabalho dos atores. — Foram grandes atuações — falou.

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