Ponto Final - Campanha violenta
11/10/2018 22:36 - Atualizado em 17/10/2018 16:01
Campanha violenta
A polarização da disputa presidencial, ainda no primeiro turno, revelou não só visões antagônicas sobre os projetos para o país. Também ficou claro que a violência daria tom ao embate. Na matéria publicada na página 3 do jornal Folha da Manhã, são relatados os casos absurdos de violência, em todo país, registrados somente nesta semana, após a definição do segundo turno entre o capitão da reserva Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). Já estava escrito que rolaria sangue no pleito deste ano, na verdade, antes mesmo de a campanha começar.
Execução
O primeiro crime político do ano a ter destaque internacional foi a execução da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), no qual também morreu motorista Anderson Gomes, em 14 de março. Ainda que o fato possa não ter ligação com o pleito deste ano, evidenciou os ânimos exaltados no país devido ao engajamento político, conforme apontaram as investigações. Quase sete meses depois, sem descobrir quem são os culpados, o Ministério Público disse ter identificado, ontem, o biotipo do assassino. Se para essa identificação demorou tanto assim, imagine o tempo que não levará para chegar ao autor do crime e seus mandantes.
Sequência
Ainda em março, outro crime por motivações políticas. Dois dos três ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então pré-candidato ao Planalto, foram atingidos por quatro tiros, enquanto passavam pala cidade de Quedas do Iguaçu, no Paraná. Desta vez, ninguém se feriu. Condenado em segunda instância na Lava Jato, e preso desde abril, Lula foi barrado na Lei da Ficha Limpa. O período de resistência à prisão, entrincheirado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, também foi marcado por reações violentas nas ruas.
Facada
Mas a violência na campanha não tem cor partidária: aparece em todos os lados. Já líder na corrida presidencial, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro, Bolsonaro foi esfaqueado por Adelio Bispo de Oliveira, que militou no Psol durante sete anos, mas não tinha mais nenhuma ligação com o partido. O ato tirou o capitão da reserva de toda campanha e até hoje Bolsonaro não participa de debates, ainda em recuperação. Foi um golpe que quase tirou a vida de alguém e que também interferiu em todo processo eleitoral do país. Feriu o presidenciável e também a democracia.
Consequências
O capitão da reserva poderia desidratar e não chegar ao segundo turno se participasse da campanha? E se chegasse, não teria tanta vantagem? Ou Bolsonaro poderia crescer ainda mais e liquidar a fatura já no primeiro turno? Nunca haverá resposta para esses questionamentos. Contudo, desde a facada, já era para todos os candidatos afinarem um discurso contra a violência que se espalhou pelo país. Só que não pode ser raso, produzido pela assessoria, enquanto nos embates e declarações públicas a postura seja outra.
Pacificação
Para tentar estancar a onda de violência no país, Haddad e Bolsonaro fizeram apelos aos seus eleitores. Daqui até as urnas ainda restam 16 dias. E o que o país mais precisa é de brigas de ideias, projetos, não de crimes por divergências partidárias. Divergir, inclusive, é salutar na democracia. E os dois candidatos ao Planalto asseguram que vão respeitar a Constituição, o Estado democrático de direito. Logo, não é plausível que seus seguidores queiram matar, agredir quem não concorde com eles.
Presidente
Sem disputar nenhum cargo, e prestes a deixar o Planalto, o presidente Michel Temer (MDB) viaja hoje à tarde para o Rio de Janeiro. Ele vai participar de cerimônia religiosa no Cristo Redentor, no Morro do Corcovado. A celebração, prevista para as 18h30, marca o Dia de Nossa Senhora Aparecida. A capela localizada aos pés do monumento é dedicada a Nossa Senhora Aparecida, considerada padroeira do Brasil pela Igreja Católica. Sem compromissos oficiais, após o evento no Rio, o presidente vai para São Paulo passar o fim de semana.
 
 

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