O presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), José Alex Oliva, foi preso, na manhã desta quarta-feira, pela Polícia Federal. A estatal é ligada ao Ministério dos Transportes, que administra o Porto de Santos. A Operação Tritão, que levou o empresário à cadeia, apura suspeitas de fraude em licitação e corrupção em contratos de R$ 37 milhões.
Além do presidente, seis pessoas foram presas e 20 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Santos, Barueri, Guarujá, Rio de Janeiro, Fortaleza e Brasília. Um mandado de prisão faltava ser cumprido até o fechamento desta edição. A prisão de José Alex e dos demais integrantes da cúpula da estatal são temporárias, com duração de cinco dias.
A investigação que resultou na operação Tritão começou em 2017 e teve a participação do Ministério Público Federal (MPF), da Controladoria Geral da União (CGU), do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Receita Federal.
Os investigadores analisaram contratos assinados pela Codesp em 2016 e encontraram irregularidades em três — para a digitalização e guarda de documentos; para aquisição de softwares e manutenção de computadores e de consultoria. Juntos, eles somam mais de R$ 37 milhões.
Nas auditorias, técnicos da CGU e do TCU apontam diversas irregularidades, como fraude, favorecimento, superfaturamento e cartel entre empresas.
As suspeitas de irregularidades surgiram com um vídeo postado na internet no mês de setembro de 2016, no qual um assessor do presidente da Codesp confessava a prática de diversos delitos ocorridos no âmbito daquela empresa.
Em novembro do ano passado, o inquérito teve início após informação sobre o conteúdo do vídeo ser enviado pelo MPF à PF, para que fosse feita uma investigação policial a partir dos fatos que ele narrava: “Começamos a desarticular uma das maiores organizações criminosas de valores atuando no Porto de Santos. Há elementos indicam que eles já atuam no Porto de Santos há muito mais tempo do que os contratos analisados, que começamos a verificar desde 2016. O desvio representa o escárnio com a população e os órgãos de controle”, disse o procurador-chefe da Procuradoria-Geral da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre.
Haveria irregularidades em vários contratos, que seriam realizadas por meio de fraudes envolvendo agentes públicos ligados à estatal e empresários. Contratações antieconômicas e direcionadas estão entre os problemas detectados. (S.M.) (A.N.)