Superministério da Economia no governo Bolsonaro
30/10/2018 19:36 - Atualizado em 01/11/2018 16:54
Possibilidade duramente criticada durante a campanha, a criação de um superministério da Economia parece que se tornará uma realidade no governo Jair Bolsonaro (PSL). Nesta terça-feira, o economista Paulo Guedes, indicado para ministro da área econômica, disse que a área terá apenas uma pasta: a da Economia. A estrutura englobará Fazenda, Planejamento, e Indústria e Comércio Exterior. A decisão contraria o que Bolsonaro havia dito em campanha, após críticas do setor. Outro ponto polêmico e que o então candidato do PSL chegou a recuar na campanha também acontecerá: a fusão das pastas de Agricultura e Meio Ambiente. A informação é do futuro ministro e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), indicado para a Casa Civil.
As informações foram passadas por Guedes e Lorenzoni após a primeira reunião da equipe do presidente eleito, na casa do empresário Paulo Marinho, na Zona Sul do Rio. O novo governo discute ter entre 15 e 16 pastas. Eles não informaram sobre qual ministério ainda estão em dúvida.
Durante a campanha, a união dos ministérios da Fazenda e da Indústria e Comércio foi criticada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e por outras entidades do setor. Questionado sobre as críticas do setor, Paulo Guedes ironizou o pedido de incentivos fiscais das empresas.
— Interessante. No programa, os três já estavam juntos. Foi criticado pelo setor? Pelos industriais? Está havendo uma desindustrialização há 30 anos. Nós vamos salvar a indústria brasileira, apesar dos industriais— afirmou.
Quarta-feira passada, após visita ao então candidato à Presidência, o presidente da União Democrática Ruralista, Luiz Antonio Nabhan Garcia, principal consultor de Bolsonaro para agronegócio, informou que a proposta de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente poderia ser revista. Antes do encontro, ele havia defendido que a fusão era positiva e uma demanda dos produtores: “Ninguém pode ter um governo duro, autoritário, sem flexibilidade, com arrogância. Se for o melhor para o Brasil, depois de eleito, todos vão sentar, e ele vai ouvir toda a sociedade. É inevitável a fusão de várias pastas. Porém, estamos ouvindo todos. Se tiver que haver flexibilização, haverá”, disse Nabhan na ocasião.
Cerca de 80% dos nomes dos ministérios já estão definidos, de acordo com Gustavo Bebianno: “Hoje já foram decididos alguns nomes, teve um significativo avanço”, disse.
Bolsonaro já confirmou dois nomes para o ministério, além de Paulo Guedes: Onyx Lorenzoni para a Casa Civil e general Augusto Heleno para a Defesa.
Em vídeo publicado no Facebook nesta terça-feira, o astronauta Marcos Pontes revelou que assumirá a pasta de Ciência e Tecnologia.
Moro afirma que avaliará eventual convite
Responsável pela operação Lava Jato em primeira instância, o juiz federal Sergio Moro afirmou nesta terça que, caso o nome dele seja indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) ou para o Ministério da Justiça, no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), irá refletir sobre o convite. O nome do magistrado foi levantado pelo presidente eleito na segunda-feira, dia seguinte à realização do segundo turno.
De acordo com nota divulgada pela assessoria de Moro, “Sobre a menção pública pelo Sr. Presidente eleito ao meu nome para compor o Supremo Tribunal Federal quando houver vaga ou para ser indicado para Ministro da Justiça em sua gestão, apenas tenho a dizer publicamente que fico honrado com a lembrança. Caso efetivado oportunamente o convite, será objeto de ponderada discussão e reflexão”, diz a nota divulgada pela Justiça Federal do Paraná.
Pelo menos duas vagas no STF serão abertas nos quatro anos de mandato do capitão da reserva, com as aposentadorias compulsórias dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello.
Sergio Moro ganhou notoriedade nacional ao comandar a Lava Jato e levar à prisão diversos políticos e empresários. Na avaliação do presidente eleito, Moro é um símbolo no Brasil: “Eu costumo dizer que é um homem que perdeu sua liberdade no combate à corrupção. Ele não pode mais ir à padaria sozinho ou ir passear com a família no shopping sem ter aparato de segurança ao lado. É um homem que tem que ter o trabalho reconhecido”, disse Bolsonaro.
O presidente disse ainda que a corrupção tem que ser banida no país e que “ninguém suporta mais conviver com essa prática tão nefasta”. (S.M.) (A.N.)

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