Jair Bolsonaro (PSL) passou seu primeiro dia como presidente eleito do Brasil concedendo entrevistas e traçando os primeiros passos da transição. E tem como prioridade a aprovação da reforma da Previdência. Para isso, ele pretende ir a Brasília semana que vem para tentar destravar a pauta, pelo menos a parte projetada pelo atual governo de Michel Temer. A declaração vai contra o que tinha dito, ainda na noite de domingo, o parlamentar e cotado para ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), que previa o envio de um novo projeto ao Congresso no início de 2019. Na formação dos ministérios, Bolsonaro disse que pretende convidar o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo julgamento de casos da operação Lava Jato, para ser ministro da Justiça ou para ocupar, quando surgir, uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

Domingo, logo após confirmada a vitória de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni defendeu que a reforma da Previdência seja feita de uma única vez, para durar 30 anos. Ele também havia afirmado que não houve nenhuma tratativa para usar proposta da reforma da Previdência do governo Michel Temer. “Não se pode olhar caixa de curto prazo, como na proposta de Temer”, disse Onyx, afirmando que falava apenas em seu nome. Atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), disse que não se opõe à votação.

Em entrevista à imprensa, Bolsonaro reafirmou planos de governo, como a ideia de privatizar estatais cujas atividades não sejam consideradas estratégicas para o Estado, de se aproximar dos Estados Unidos, e de acelerar as mudanças legais que vão permitir à população o porte de armas. Afirmou, ainda, que seu governo terá uma “conversa harmônica” com o Judiciário. Bolsonaro contou que conversou com o presidente do Supremo, Dias Toffoli, e terá novo encontro. Ele afirmou que não pensa mais em ampliar o número de ministros da Corte.

Ainda no domingo, Bolsonaro recebeu as felicitações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A conversa, de acordo com o capitão da reserva, foi mais longa do que a que teve com os demais líderes — e trataram de iniciativas comerciais e militares. Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, também parabenizou o novo presidente brasileiro e pediu que, uma vez no governo, ele retome “as relações diplomáticas de respeito, harmonia, progresso e bem-estar entre os povos”.

Sobre seu time de ministros, Bolsonaro disse que deve confirmar, nos próximos dias, o nome do astronauta e major da reserva Marcos Pontes para o ministério da Ciência e Tecnologia. Já foram confirmados Onyx Lorenzoni para Casa Civil, o general da reserva Augusto Heleno para Defesa e o economista Paulo Guedes para o ministério da Economia.

Transição — Nesta terça-feira (30), o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, se encontra com Onyx Lorenzoni, quando receberá os primeiros nomes da equipe de transição do novo governo.

Lonrezoni é o provável coordenador da equipe de transição do lado do novo governo. Essas 50 pessoas serão nomeadas para Cargos Especiais de Transição Governamental. Esses cargos podem ser ocupados a partir desta terça e devem ficar vagos até o dia 10 de janeiro, conforme disposição legal.

O local onde funcionará o gabinete de transição já está pronto. A exemplo do que ocorreu em gestões anteriores, as instalações temporárias estão no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília. O espaço fica a cerca de quatro quilômetros do Palácio do Planalto e a oito do Congresso Nacional.

No dia seguinte à eleição que definiu o novo presidente do Brasil, o candidato derrotado no segundo turno, Fernando Haddad (PT), escreveu uma mensagem em sua conta no Twitter e desejou sucesso ao presidente eleito.

Haddad afirmou que escreveu para o novo presidente de “coração leve” e “com sinceridade”. “Presidente Jair Bolsonaro. Desejo-lhe sucesso. Nosso país merece o melhor. Escrevo essa mensagem, hoje, de coração leve, com sinceridade, para que ela estimule o melhor de todos nós. Boa sorte!”, escreveu.

Mais tarde, também pelo twitter, Bolsonaro respondeu: “Senhor Fernando Haddad, obrigado pelas palavras! Realmente o Brasil merece o melhor”.

Na manhã dessa segunda-feira (29), Haddad saiu de casa na Zona Sul de São Paulo. Disse que sobre o presidente eleito já se manifestou pelas redes sociais. E afirmou: “Volto a dar aula, volto a ser professor. Foram 90 dias de licença e fui pegar material pra trabalhar”. Ele é professor da USP e do Insper.

Após a confirmação da eleição de Bolsonaro, o candidato do Psol no primeiro turno, Guilherme Boulos, convocou manifestações do “povo sem medo” para esta terça-feira.

A posição, porém, é vista como precipitada pelo PT. O ex-presidente Lula pediu calma na agenda de oposição. Somente nos próximos meses será definida uma agenda de oposição. (S.M.) (A.N.)