Aldir Sales
28/10/2018 19:07 - Atualizado em 31/10/2018 18:44
Jair Messias Bolsonaro. Este será o homem que comandará o Brasil a partir do dia 1º de janeiro de 2019. Com um discurso duro e muitas vezes polêmico, o capitão da reserva do Exército confirmou o favoritismo e conseguiu convencer 55,1% dos eleitores do país no segundo turno das eleições gerais para se tornar apenas o quinto presidente da República eleito pelo voto popular após a redemocratização. Após a confirmação da vitória, que pôs fim a um período de 26 anos de alternância do poder entre PMDB, PSDB e PT, o presidente eleito pelo PSL usou as redes sociais para discursar e depois deu entrevista a apenas um repórter na sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Depois de uma campanha marcada por polêmicas, pela intensa polarização, pelo atentado sofrido a facadas e por um fogo de cruzado de fake news, Bolsonaro não citou o adversário derrotado, Fernando Haddad (PT), e afirmou que será "defensor da democracia, da Constituição e da liberdade".
No pronunciamento, o presidente eleito prometeu focar nos direitos dos cidadãos, com corte de privilégios e “quebra de paradigmas”. Pouco antes de ir à TV, ele fez transmissão ao vivo no Facebook, na qual prometeu governar "seguindo os ensinamentos de Deus ao lado da Constituição".
— A liberdade é um princípio fundamental. A liberdade de ir e vir, andar nas ruas, em todos os lugares desse país. Liberdade de empreender, liberdade política e religiosa, liberdade de ter opinião. Liberdade de fazer escolhas e ser respeitado por elas. Um Brasil de diversas opiniões. Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que defenda os direitos do cidadão — ressaltou Bolsonaro, que prometeu uma administração “constitucional e democrática”.
O militar voltou a falar que o país precisa de reformas e que os principais compromissos do seu governo serão emprego, renda e equilíbrio fiscal e prometeu um governo para todos. "É com essa mesma convicção que afirmo: ofereceremos a vocês um governo decente que trabalhará para todos os brasileiros. Somos um grande país e agora vamos juntos transformar esse grande país em grande nação. Uma nação livre, democrática e próspera. Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.
Questionado por jornalistas, Bolsonaro disse que vai “pacificar o Brasil sob a Constituição” e ressaltou que, além dos três nomes de ministros já anunciados durante a campanha (Onyx Lorenzoni, para a Casa Civil; general Augusto Heleno, para a Defesa; e Paulo Guedes, para a Economia), o do astronauta Marcos Pontes já está “quase certo” para seu governo.
Haddad cobra respeito após derrota nas urnas
Após a derrota nas urnas, Fernando Haddad discursou na noite deste domingo em São Paulo, ao lado da candidata a vice Manuela D'Ávila (PCdoB) e lideranças do PT, ele agradeceu os 47 milhões de votos recebidos e prometeu uma oposição firme pela democracia. "Uma parte expressiva do povo brasileiro precisa ser respeitada neste momento. Diverge da maioria, tem um outro projeto de Brasil na cabeça e merece o respeito no dia de hoje. (...) Portanto, nós temos uma tarefa enorme no país que é, em nome da democracia, defender o pensamento, defender as liberdades desses 45 milhões de brasileiros que nos acompanharam até aqui (número da apuração no momento do discurso)".
Durante o discurso, Haddad afirmou que coloca a "vida à disposição desse país" e se dirigiu aos seus eleitores, pedindo a todos que "não tenham medo". Ele parafraseou o Hino Nacional e afirmou: "Verás que um professor não foge à luta, nem teme quem adora a liberdade à própria morte".
O candidato derrotado disse ainda que, agora, o PT e a militância precisarão se reconectar com suas bases e com os pobres desse país para "retecer um programa de nação que há de sensibilizar mentes e corações desse país". "Nós não vamos deixar esse país para trás. Nós vamos colocá-lo acima de tudo, e nós vamos defender o nosso ponto de vista, respeitando a democracia, respeitando as instituições, mas sem deixar de colocar o nosso ponto de vista sobre tudo que está em jogo a partir de agora", afirmou Fernando Haddad.