Compromisso com a Constituição
17/10/2018 21:45 - Atualizado em 18/10/2018 14:46
Em meio a uma campanha marcada por acusações, insegurança e boatos, os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) assinaram, a pedido da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), um termo de compromisso de que respeitarão os direitos e garantias fundamentais na Constituição, entre eles a liberdade de expressão e de imprensa, além do artigo 5º, que se refere “à inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Os dois candidatos também tiveram encontros com religiosos, nesta quarta-feira, e também falaram sobre defesa da liberdade de culto.
Segundo o presidente da entidade, Domingos Meirelles, a iniciativa é uma tentativa de fazer com que a campanha retorne ao “eixo natural”, que é a discussão de programas de governo. “A campanha perdeu o norte. Ela se transformou numa troca de insultos pessoais, ofensas e fake news que deixaram o eleitor refém de um cenário de medo”, disse.
De acordo com Meirelles, as duas candidaturas manifestaram em algum momento, às vezes de maneira clara, outras de forma mais velada, o desejo de mexer na Constituição: Fernando Haddad por meio de uma constituinte, e Jair Bolsonaro a partir de um “grupo de notáveis”. “Para afastar essas suspeitas que rondam as duas candidaturas, imaginamos esse documento”, afirmou.
Líder nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro se encontrou pela manhã com o cardeal Dom Orani Tempesta, na sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Após a reunião, o candidato do PSL disse que assinou um compromisso em defesa da família e da liberdade das religiões, contra o aborto e contra a legalização das drogas. “Assinamos um compromisso em defesa da família, em defesa da inocência da criança na sala de aula, em defesa da liberdade das religiões. Contrário ao aborto, contrário a legalização das drogas. Ou seja, o compromisso que está no coração de todo brasileiro de bem”, disse.
Já Haddad participou de um evento com integrantes das igrejas Batista, Metodista, Presbiteriana, Assembleia de Deus e Anglicana. O petista ouviu músicas e orações e recebeu apoio de pastores. Haddad divulgou uma carta aos evangélicos, na qual diz que “desde as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão contra candidatos do PT”.
No texto, pontuado por passagens da Bíblia, ele escreveu: “A legalização do aborto, o kit gay, a taxação de templos, a proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças não constam de meu programa de governo”.
FHC mais distante de aliança com o petista
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) (PSDB) está mais distante de uma possível aliança com Fernando Haddad. Recentemente, FHC havia dito que o separa de Jair Bolsonaro seria um “muro”, enquanto do petista seria uma “porta”. Nesta quarta-feira, o tucano declarou que “essa porta está enferrujada. E acho que a fechadura enguiçou”.
Questionado sobre o que precisaria para “abrir a porta”, afirmou: “Já devia estar. Depois que emperra, fica difícil. Você fica pensando, ‘meu Deus, por que agora?’”. O ex-presidente acrescentou que, independente do vencedor da eleição, “o Brasil vai precisar de coesão”. “Não dá para governar meio a meio, você precisa ter algo em comum. Aí sim vamos ter que ter portas abertas para poder conversar e avançar juntos”.
Em resposta, Haddad falou que “a história cobra posicionamento”. “A história às vezes cobra nossos posicionamentos, nem sempre à vista, às vezes a prazo. (...) Quando ele falou, ouvi isso com alguma esperança, só soube que estava enferrujada hoje. Uma parte do PSDB rifou o próprio Alckmin. Eles ficaram com 4% (no 1º turno), nós ficamos com 30”.
(A.N.)
 
 

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