PF afirma que Temer recebeu R$ 5,9 milhões em propina do setor portuário
17/10/2018 11:04 - Atualizado em 17/10/2018 15:20
A Polícia Federal declarou, nesta quarta-feira (17), que o presidente Michel Temer (MDB) recebeu diretamente R$ 5,9 milhões em propina do setor portuário. De acordo com a PF, os pagamentos teriam sido efetuados entre 2000 e 2014, e Temer também captou, junto a empresas do setor, R$ 17 milhões em doações destinadas ao seu grupo político. O presidente foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O relatório da PF informou que R$ 2,4 milhões foram pagos pela Rodrimar, do porto de Santos, entre 2000 e 2010, para uma empresa de fachada ligada ao coronel João Baptista Lima, amigo de longa data de Michel Temer e seu operador financeiro. Outros R$ 2 milhões foram doações oficiais da JBS para Michel Temer por causa de questões envolvendo um terminal portuário em Santos, em 2014. A PF ainda cita o pagamento de R$ 500 mil por meio de doações oficiais do grupo Libra e R$ 1 milhão entregues em espécie pelo grupo J&F, dono da JBS, para o coronel Lima cujo destinatário final era Michel Temer, todos em 2014.
Além de Temer, a PF indiciou sua filha Maristela por lavagem de dinheiro e imputou crimes aos seguintes investigados: Rodrigo da Rocha Loures (corrupção passiva e organização criminosa), Antonio Celso Grecco, dono da Rodrimar (corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa), Ricardo Mesquita, ex-diretor da Rodrimar (corrupção ativa), Gonçalo Torrealba, dono do grupo Libra (corrupção ativa e lavagem de dinheiro), coronel Lima (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa), Carlos Alberto Costa, sócio do coronel (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa), Almir Martins Ferreira, contador do coronel que operava empresa de fachada (lavagem de dinheiro), Carlos Alberto Costa Filho (lavagem de dinheiro) e Maria Rita Fratezi, mulher do coronel Lima (lavagem de dinheiro).
A investigação durou 13 meses e teve como base um decreto, assinado por Temer no ano passado, que prorrogou e estendeu os prazos de concessão de áreas públicas às empresas portuárias. A Polícia Federal apontou que o presidente recebeu propina pela edição do documento para atender aos interesses do setor com o objetivo de manter influência e continuar a receber propina.
Agora, o relatório final foi enviado à Procuradoria-Geral da República, a quem caberá decidir sobre o oferecimento ou não de uma nova denúncia contra o presidente.
Fonte: O Globo

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