Aldir Sales
11/10/2018 19:13 - Atualizado em 15/10/2018 17:37
O primeiro debate entre os candidatos ao Governo do Estado no segundo turno, organizado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, ontem, na capital, manteve o clima quente da campanha entre Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSC). Os dois trocaram farpas, mas, diferente do primeiro turno, o embate ficou mais regionalizado e o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi pouco citado.
Líder nas pesquisas de intenção de voto no primeiro turno, Paes foi o alvo preferencial dos primeiros debates, mas o resultado das urnas no último domingo (7), com menos da metade dos votos de Witzel, fez o ex-prefeito do Rio mudar de estratégia e partir para o ataque.
Durante a semana, o ex-juiz federal atribuiu ao candidato do DEM a responsabilidade por fake news contra sua campanha e ameaçou dar voz de prisão ao vivo a Paes caso ele cometesse alguma injúria. Wilson Witzel chegou a comentar que a candidatura do rival estava escorada por uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois que Eduardo Paes foi condenado em segunda instância na Justiça Eleitoral por uso do plano diretor da cidade do Rio de Janeiro na campanha de Pedro Paulo (DEM) à sua sucessão em 2016. Paes pediu direito de resposta e ironizou.
— O senhor cometeu várias injúrias, mas fica tranquilo que não vou lhe dar voz de prisão. Não sou autoritário — disse.
Na sequência, Witzel pediu novo direito de resposta e citou seu passado como juiz federal para dizer que nunca foi autoritário em sua vida.
Quando o assunto foi segurança pública, o ex-juiz voltou a dizer que irá dar permissão para os policiais abaterem quem estiver com fuzil em mão e prometeu dar apoio jurídico em casos de auto de resistência. Já Paes afirmou que, caso eleito, irá investir em inteligência para evitar os confrontos e vai pedir o auxílio das Forças Armadas.
Em um dos poucos momentos que Bolsonaro foi citado, Eduardo Paes minimizou a aproximação de Witzel com o presidenciável e questionou a capacidade do adversário em enfrentar o crime. “Uma coisa é falar, outra é fazer. Não vou usar a expressão que o candidato Romário (o senador do Podemos chamou Wilson Witzel de frouxo durante um debate) usou no primeiro turno. Bolsonaro tem credibilidade para falar isso, porque fala há muito tempo. O senhor, não. O conheceu ontem. Não adianta falar que vai usar baioneta ou bazuca para resolver”.
Em resposta, o candidato do PSC falou que o adversário era “desequilibrado”.
— Seu jeito de falar demonstra seu desequilíbrio. Quando eu disse que abateria quem estava de fuzil, fui proibido de entrar em várias comunidades. Eu não vou em comunidade pedir voto para bandido — comentou Witzel.
Corrida pela presidência da Alerj já começou
A eleição para a mesa diretora da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) acontece apenas em fevereiro, mas pelo menos três nomes já são especulados como possíveis postulantes à presidência da Casa: André Ceciliano (PT), André Corrêa (DEM) e Marcio Pacheco (PSC).
Ceciliano assumiu a presidência da Alerj com a prisão do então líder Jorge Picciani (MDB) e conta com apoio de partidos de esquerda para tentar evitar o avanço da bancada conservadora eleita neste ano.
Pacheco é o nome aprovado pela bancada conservadora e, apesar disso, disse que iria presidir para todos. “O Wilson Witzel vencendo a eleição, é uma proposta nova para o Rio que apresenta o novo e uma nova forma de diálogo de fazer política, sem conchavos. A Alerj precisa se apresentar de uma nova forma. Não será uma presidência intolerante, vamos dialogar com todas as esferas”.
André Corrêa, do mesmo partido do candidato ao governo Eduardo Paes, foi um dos primeiros a ter o nome levantado e surgiu como favorito.
Partido do vice de Romário apoia ex-juiz
Depois do PSD de Indio da Costa e do PRTB de André Monteiro, a candidatura do ex-juiz federal Wilson Witzel ganhou o apoiou oficial do Partido da República (PR). A legenda quase fechou com Eduardo Paes no primeiro turno, mas acabou formalizando base com Romário (Pode). O vice na chapa do Baixinho, inclusive, foi o ex-policial militar Marcelo Delaroli (PR).
Em nota, o deputado federal Altineu Cortes, presidente estadual do PR, disse que “o desejo de mudanças expressado pelas urnas em nosso Estado revela a grande necessidade de alterações radicais em busca da retomada do crescimento econômico e social”.
A nota da Executiva Estadual diz ainda que o partido tem convicção em Witzel. “Temos convicção de que Wilson Witzel reúne as condições para essa retomada além de garantir o fundamental direito de ir e vir de todos os cidadãos cariocas e fluminenses. Com essa decisão acreditamos estar atendendo aos anseios de uma sociedade que não aguenta mais ser notícia de escândalos de corrupção e violência em nosso Estado”.