Um ato integrado do movimento negro chamou a atenção da população campista, na tarde desta sexta-feira, a dois dias do segundo turno das Eleições 2018. Com cartazes, gritos de ordem e distribuição de folhetos, cerca de 50 pessoas se reuniram na praça São Salvador e percorreram ruas centrais da cidade. O material informativo alertou que o Brasil é o segundo país com maior população negra no mundo, só superado pela Nigéria; pessoas negras são vítimas de 7 a cada 10 assassinatos e apenas esse ano, armas de fogo mataram mais de 1.800 pessoas nos Estados Unidos onde a arma liberada, isso é equivalente a 40 assassinatos por dia.

De acordo com Gilberto Coutinho, mais conhecido como “Totinho Capoeira”, nos últimos 15 dias, negros da cidade, de todos os seguimentos e correntes, voltados para questão sócio-racial, resolveram se unir e organizaram o ato pacífico para conscientizar as pessoas sobre o cenário político do país e o que melhor seria para a população negra.

“As pessoas estão discutindo o que é democracia, fascismo, comunismo e socialismo, mas não sabem ao pé da letra o que significam de fato. Campos, hoje, para cada 10 pessoas que morrem, oito são de jovens negros e seis estão em Guarus. Ou seja, nossa juventude negra está morrendo e a gente não vê perspectivas de políticas públicas. A gente está ouvindo falar em uma onda de mão armada, mas a arma para nós negros não vai solucionar os problemas, pelo contrário, vai aumentar muito mais. A solução está na educação, acesso às escolas, trabalho e renda”, disse.

Totinho ressaltou ainda que o ato de conscientização também está sendo feito de forma incisiva nas redes sociais, entretanto, como existem pessoas negras que não têm acesso às redes sociais, o grupo resolveu apostar no corpo a corpo. “As pessoas votam em quem elas quiserem, mas precisam entender exatamente em quem elas estão votando”, finalizou.

Já a coordenadora Nacional de Comunidades Quilombolas, Lucimara Muniz, destacou que no Brasil há um grande índice de violência contra a mulher e em Campos não é diferente. “Estamos em um município com grande número de negros e onde está essa população? A maioria está em comunidades, em diferentes bairros, fora das faculdades, sendo minoria nas políticas públicas. Então, está na hora de Campos acordar e avaliar conscientemente se a população negra está inserida nas proposta de cada político”.

O grupo iniciou a passeata no Parque Alberto Sampaio passando pela rua Gil de Góis, próximo à Igreja Boa Morte, até uma parada na praça São Salvador. Em seguida, deram continuidade ao ato pelo Boulevard Francisco de Paula Carneiro com mais um ponto de parada, frente ao pelourinho. Ao final, seguiram pela rua Santos Dumont l até o terminal rodoviário.

A passeata contou com o apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal para organização do trânsito.