VII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia aberta na Uenf
Verônica Nascimento 11/10/2018 16:58 - Atualizado em 12/10/2018 11:45
Semana foi aberta no Centro de Convenções da Uenf
Semana foi aberta no Centro de Convenções da Uenf / Antônio Leudo
A VII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia foi aberta nesta quinta-feira (11) com solenidade no Centro de Convenções da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Na ocasião, também foi lançado o “Viva a Ciência na Escola”, programa de incentivo e financiamento à iniciação científica entre alunos do ensino fundamental II. O evento contou com a palestra “Educação científica para redução das desigualdades”, ministrada pela cientista brasileira Joana D’Arc Félix de Sousa, que de uma vida pobre e de fome em um curtume em Franca (SP) aos 25 anos de idade já era PhD em Química pela Universidade de Harvard e hoje tem 15 produtos patenteados, todos com o aproveitamento de resíduos sólidos.
Joana DENTITY_apos_ENTITYArc emocionou com palestra
Joana DENTITY_apos_ENTITYArc emocionou com palestra / Antônio Leudo
A professora Joana D’Arc demonstrou a importância de programas de bolsas e financiamentos na área científica e usou a própria experiência para incentivar o público. Além dos 15 produtos patenteados, ela desenvolve pesquisas com alunos com histórico de exclusão, muitos retirados do tráfico de drogas e da prostituição.
A pesquisadora contou que a vontade de ser química nasceu quando, em meio à sujeira e ao mau cheiro do curtume, onde vivia, ela observava uma figura diferente: um químico. “Ele se destacava com o jaleco branco e eu queria usar um como aquele. Minha mãe foi trabalhar em uma casa de família e eu queria estudar, mas não podia. Ele pegava os jornais e me ensinava as letras e eu ficava marcando as palavras. Um dia, a dona da casa foi ao quartinho e perguntou se era eu que coloria os jornais que ela e o marido liam à noite e respondi que eu não coloria, eu lia. Ela mandou eu ler e quando viu que eu sabia, me levou para estudar no Sesi, que era gratuito”, disse Joana ao acrescentar que foi na escola pública que ela descobriu a necessidade de lutar contra a discriminação.
Ela contou que na escola pode perceber a desigualdade social e na universidade também enfrentou dificuldades, mas o pior preconceito foi sentido quando foi para Carolina do Norte, através de uma pesquisa para reduzir a corrosão do querosene que danificava equipamentos e turbinas de aviões de uma empresa processadora de petróleo.
  • Joana D'Arc emocionou com palestra

    Joana D'Arc emocionou com palestra

  • Joana D'Arc emocionou com palestra

    Joana D'Arc emocionou com palestra

Joana D’Arc ressaltou que começou a desenvolver a pesquisa com alunos com histórico de exclusão, quando foi lecionar em uma escola técnica rural em Franca. “As bolsas de iniciação científica eram para os alunos com melhores currículos e pensei como pode se trabalhar só na exclusão. Fui atrás de bolsas para os que já se sentiam excluídos. Hoje são pesquisadores, com produtos que trazem melhoramento para todos e para o meio ambiente, porque só utilizamos resíduos, inclusive do curtume. Eles mostram que é possível promover a inclusão com a ciência, em escola básica, em escola técnica. Incluindo, teremos o Brasil que todos desejamos”, concluiu Joana, aplaudida de pé.

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