Verônica Nascimento e Maria Laura Gomes
06/10/2018 22:40 - Atualizado em 08/10/2018 14:49
Em meio ao contexto nacional de violência em escolas, o Centro Integrado de Escola Pública (Ciep) da Penha comemora os 25 anos de fundação com um histórico de comunhão e participação da comunidade, com promoção de melhorias estruturais por meio de recursos do Governo do Estado. Diferentemente do verificado nas unidades escolares de Campos, no Ciep 466 o portão de entrada fica aberto e o clima é de harmonia entre alunos, professores e demais profissionais. A unidade passa por reformas, com recursos de cotas extras da secretaria de Estado de Educação (Seeduc) e a direção pretende criar até um mini museu com o memorial Nina Arueira, escritora campista, atuante na política na década de 30 do século passado, que dá nome ao Ciep.
No Ciep da Penha estudam 420 alunos do ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos (EJA), nos turnos da manhã, tarde e noite. A unidade conta com laboratório de informática, sala de vídeo, laboratório de ciências, quadra poliesportiva e auditório, que passa por reforma. O centro foi inaugurado em 4 de outubro de 1993, mas o funcionamento teve início, com bolsistas, em março do ano seguinte, quando também foram convocados professores aprovados em concurso público. A maioria dos profissionais do Ciep atua na unidade há 25 anos, fator apontado como promotor da paz na comunidade escolar.
— Os professores são antigos e conhecidos dos moradores da região. Temos aqui indisciplinas comuns, mas não vivenciamos agressões entre os alunos ou desrespeito deles com os profissionais. Em geral, os alunos de hoje são filhos e até netos de ex-alunos e isso nos aproxima. A comunidade é atuante, os pais participam da vida escolar dos filhos e, assim, criam vínculos com a escola. Trabalhamos com muito amor e valorizando nossa comunidade e alunos — ressaltou Renata Ribeiro, que entrou no Ciep em 1993 como professora 40 horas, e que, em agosto do ano passado, foi eleita diretora.
Em Campos são 14 Cieps, a maioria municipalizada ou com gestão compartilhada, segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe). O mais antigo é o Ciep Nilo Peçanha, na Lapa, que funciona com educação municipal e estadual. Somente os Cieps do Parque Prazeres, Calabouço e Penha mantêm a gestão original do Governo do Estado.
Ciep da Lapa
Ciep da Lapa
Ciep da Lapa
Mini museu irá resgatar história da escola
A Justiça Federal já autorizou a aplicação de parte do dinheiro recuperado pela operação Lava Jato, contra a corrupção de agentes políticos, seja direcionada à recuperação de escolas públicas estaduais, mas, na prática, as cotas ainda não estão sendo empregadas. No Ciep da Penha, são cotas extras do orçamento da Seeduc que permitem reformas diversas, como a pintura de toda escola, inclusive salas de aulas e prédio anexo, onde funciona a biblioteca que, como o auditório, também foi reformada. Torneiras e vasos sanitários foram instalados e trocados, assim como portas e toda a cerca de proteção da unidade.
Os reparos estruturais também possibilitarão melhorias na parte pedagógica. A reforma foi iniciada em maio passado e, até o final do ano, o objetivo é criar uma sala de música e outra multimídia e, para resgatar a história da comunidade escolar, um mini museu, conforme acrescentou a diretora adjunta, Daniela Silva, que também atua no Ciep há 25 anos.
— Vamos reunir arquivos, registros e equipamentos do Ciep e também criar o Memorial Nina Arueira, porque muitos, alunos e moradores da Penha, não conhecem a história dessa mulher, que foi revolucionária para sua época, que morava nessa região e cujo nome foi escolhido para o nosso Ciep. Ela, com o noivo, Clóvis Tavares, e Adão Pereira fundaram um jornal estudantil no Liceu de Humanidades de Campos. O nome do noivo dela foi dado ao Ciep de Nova Brasília. É importante guardarmos registros e incentivarmos o gosto pela história e cultura nos alunos — contou.