O esporte confinado nos projetos
Paulo Renato Pinto Porto 27/10/2018 20:57 - Atualizado em 06/11/2018 17:38
Entre polêmicas e ataques, agressões e fake news que tomam conta da campanha eleitoral, as propostas e entrevistas dos candidatos à presidência da República e ao Governo do Estado que disputam as eleições neste domingo (28) estão longe de contemplar uma política ambiciosa para o esporte. Em alguns casos, o tema é tratado apenas tangencialmente. O programa de governo de Jair Bolsonaro (PSL), por exemplo, ignora olimpicamente o setor e não faz qualquer menção mais concreta como parte de sua plataforma. Nos projetos dos candidatos ao Governo do Estado, a revisão do contrato de concessão do Maracanã ocupa centralidade.
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro / Divulgação
Nas 81 páginas de seu programa, Bolsonaro destaca o esporte apenas quando fala sobre saúde e educação, mas não há quaisquer propostas específicas para a área.
Na parte em que aborda a prevenção de doenças, intitulada como “Prevenir é melhor e mais barato” em seu plano de governo, o candidato cita a integração do esporte com o programa Saúde da Família, mencionando a inclusão dos profissionais de Educação Física com o objetivo de ativar as academias ao ar livre como meio de combater o sedentarismo e a obesidade e suas graves consequências à população, assim como o AVC e infarto do miocárdio.
Entre as propostas de Fernando Haddad (PT), ampliar a participação popular em arenas da Rio-2016, reorganizar o sistema esportivo no país e recuperar políticas de incentivo do governo Dilma para a área.
— A primeira coisa a se fazer é implantar, após amplo debate nacional, o Sistema Nacional do Esporte, estabelecendo quais são as responsabilidades da União, dos estados, dos municípios e das entidades esportivas. Nosso plano de governo aponta para a criação do Sistema Único do Esporte, avançando na identificação das fontes de financiamento dos entes federados para que as responsabilidades sejam cumpridas — disse.
Haddad enfatiza também muito das conquistas nos governos Lula e Dilma, como a Lei de Incentivo ao Esporte. A partir da página 36, ele cuida de sua proposta para 2019/22, como rever o sucateamento de estruturas criadas, bem como retomar investimentos na manutenção, operação e construção e recuperação do projeto original dos legados dos parques olímpicos do Rio.
O petista também trata da implantação da Universidade do Esporte, a fim de buscar a retomada do Plano Brasil Medalhas, que tem pretensão de colocar o Brasil entre os dez maiores medalhistas olímpicos do mundo.
Nas pouco mais de 20 páginas do programa de governo de Eduardo Paes (DEM), nada em relação ao esporte. A reportagem da Folha recorreu a algumas entrevistas de Paes, em que o candidato trata basicamente da revisão do contrato de concessão do Maracanã.
Tomaz Silva/ABR
— Vamos tirar de lá as patas das empresas e seus interesses privados. Flamengo e Fluminense, por não possuírem estádios, devem ser protagonistas no controle do Maracanã. Mas Vasco e Botafogo também devem participar da discussão. E nessa revisão da concessão é importante discutir a criação de uma área popular para que todos os torcedores possam ter acesso ao estádio. Um local mais barato para o torcedor. O Complexo Célio de Barros tem que ser reativado, não pode ficar servindo de estacionamento e depósito — decretou.
Paes também fala em dotar o GEP (Grupo Especial de Policiamento) de equipamentos mais modernos para conter a violência nos estádios.
Wilson Witzel (PSC) também fala de renegociações com o consórcio que adquiriu a concessão do estádio.
— Tudo para que possamos propor uma nova modalidade de PPP (parceria público-privada), rediscutindo a equação econômico-financeira e chamando para essa conversa, inclusive, as associações de clubes de futebol para que, em conjunto, encontremos uma solução — afirmou Witzel.
Wilson Witzel
Wilson Witzel / Foto - Rodrigo Silveira
O candidato do PSC acrescenta que o Maracanã foi transformado numa lavanderia de corrupção dos últimos governos do Rio, “e que tem servido mais para shows e não eventos esportivos”.
Witzel prega “a criação de parcerias entre o governo com as federações, dentro da filosofia de que essas entidades são as mais capacitadas na promoção do desporto, ficando a Secretaria de Esportes e Lazer como responsável pelo apoio logístico e facilitação ao uso dos espaços e aparelhos públicos de práticas desportivas, além de eventual aporte financeiro para bolsas e patrocínios em prol de atletas e entidades, em especial do desporto olímpico e paraolímpico”.

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