Paulo Renato do Porto
17/10/2018 22:31 - Atualizado em 22/10/2018 15:39
Um aporte de investimentos da ordem de US$ 18,9 bilhões previstos até 2022 na Bacia de Campos deve impulsionar dezenas de novos projetos de produção de petróleo e interromper a crise da região com a geração de novos empregos, o reaquecimento dos negócios e o aumento das receitas em royalties.
O otimismo contagia os negócios do petróleo, bem como outras atividades que giram em torno da cadeia produtiva nos municípios produtores, fortemente atingidos com a crise em razão da queda do valor do barril, que chegou a despencar para US$ 30, contra US$ 110 no pico da valorização da commodity no mercado internacional.
O ex-diretor da Superintendência Regional da Bacia de Campos, João Carlos de Luca, admitiu numa entrevista que a retomada deve representar um novo ciclo virtuoso na região com os investimentos nos campos maduros e também no pré-sal.
— Não apenas em razão da retomada pelos investimentos em campos maduros, decorrente da venda desses campos pela Petrobras no programa de desinvestimentos da empresa, mas outro ciclo virtuoso ainda melhor está por vir, com o aporte de investimentos nos campos da camada pré-sal, também nas plataformas da região. Até porque também foi um sucesso o resultado dos leilões levados a cabo na Bacia de Campos. Minhas estimativas indicam um novo ciclo virtuoso— afirmou Luca.
A avaliação do Superintendente Municipal de Petróleo, Ciência e Tecnologia de São João da Barra, Wellington Abreu, carrega uma visão otimista, porém mais realista.
— Vejo como uma boa notícia, mas sem deixar também de ser realista. Por mais que a previsão destes investimentos esteja dentro da realidade, nada indica que tudo será como antes. Claro que vamos nos preparar para o que virá com os leilões dos campos maduros e a exploração do pré-sal, mas os resultados vão demorar ainda algum tempo. É algo para vir ainda a médio prazo — resumiu.
Além dos investimentos na Bacia de Campos, o superintendente de Ciência, Tecnologia e Inovação de Campos, Romeu e Silva Neto, enumerou alguns outros fatores que representam um somatório que impulsionará ainda mais o desenvolvimento regional.
— Os investimentos de US$ 10 bi na Bacia de Campos, anunciados pela Petrobras, são os sinais da retomada do desenvolvimento socioeconômico não apenas de Campos, mas de toda região. Os investimentos na recuperação dos campos maduros, no pré-sal da Bacia de Campos, a partir dos últimos leilões, os investimentos na construção de termoelétricas e no Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro), que vai processar o petróleo da Bacia de Campos, são o prenúncio da retomada da nossa economia — disse. Romeu acrescentou ainda que, no próximo dia 07, será realizado, em Niterói, o I Seminário de Desenvolvimento Regional dos municípios da Ompetro.
Bacia de Campos mais competitiva
Os investimentos até 2022 apontam para a revitalização dos poços na costa do Norte Fluminense e o reequilíbrio da importância entre as duas bacias. Em fevereiro de 2018, a Bacia de Santos superou pela primeira vez a Bacia de Campos em produção, tornando-se a maior província petrolífera do país com o advento da camada pré-sal.
Em 2014, a Bacia de Campos chegava a produzir 1,7 milhão barris de petróleo por dia, mas a produção caiu 33% até agosto deste ano. Enquanto isso, a Bacia de Santos registrou aumento produção em três vezes neste período.
A partir desses investimentos de US$ 10 bilhões em parcerias nos campos maduros, a Petrobras aposta na venda de campos históricos, além de concentrar esforços na tentativa de conter o ritmo de declínio na produção da bacia.