Jane Ribeiro
03/10/2018 19:57 - Atualizado em 05/10/2018 14:08
Apesar de todas as dificuldades econômicas em que o país se encontra, muitos desempregados decidiram dar a volta por cima e procuraram abrir o próprio negócio ou até mesmo mudar de profissão. Cerca de 12,7 milhões de brasileiros se encontram sem trabalho e esse tem sido o caminho. Segundo dados do Sebrae, 48 milhões de pessoas entre 18 e 64 anos têm um negócio próprio ou estão envolvidos na criação de um. Desse total, 51,5% são mulheres. As micro e pequenas empresas são responsáveis por 54% dos empregos formais no país e por 44% da massa salarial, conforme levantamento.
Exemplo disso é Renata Hissa, que é técnica de Segurança do Trabalho de profissão e atualmente trabalha com transporte escolar. Renata ficou desempregada em 2015 e, desde então, não conseguiu nenhuma vaga na sua área. Com dois filhos e sem muitos recursos, ela resolveu investir no próprio veículo para fazer o transporte escolar e até particular. Renata hoje tem uma renda equivalente com o que ganhava com carteira assinada e não pretende voltar a ser empregada.
— Trabalhando por minha conta eu tenho mais tempo para os meus filhos, fora que não preciso cumprir horário, tenho compromissos com as crianças, mas quando as deixo em casa, fico com tempo livre. Para voltar a ter carteira assinada e patrão só com um salário bem maior do que eu recebo hoje — disse ela.
O mesmo aconteceu com Rogério de Oliveira Vilácio, que trabalhou por quatro anos em uma empresa. Ele é programador, mas infelizmente perdeu o emprego no ano passado e passou a trabalhar vendendo salgados e sucos pelas ruas da cidade. Rogério conta que não foi fácil, mas hoje, assim como Renata, não quer mais ter patrão.
— No início não foi nada fácil. Andei muito, recebi muitos nãos, mas agora já tenho minha freguesia. A procura começou a aumentar e os resultados positivos apareceram. Hoje consigo ganhar em uma semana o que levava para ter em um mês. Ter patrão é uma coisa que hoje não passa pela minha cabeça. Quando a gente tem vontade, a gente consegue. Não podemos ficar de braços cruzados, porque ninguém vai bater na nossa porta oferecendo emprego — disse Rogério.
Para o gerente do Sebrae/Campos , Gilberto Soares, o trabalho considerado informal pode no futuro acarretar problemas para a pessoa. A recomendação é para que essas pessoas legalizem seus negócios, por menor que ele seja.
— Recomendamos que as pessoas que estão na informalidade, ou seja, trabalhando por conta própria, mas que estão lucrando, que se tornem Microempreendedores Individuais (MEIs), mesmo não tendo um local certo para trabalhar. Sendo MEI a pessoa poderá pegar empréstimo e outros benefícios, podendo crescer o seu negócio e evita perder suas mercadorias, caso tenha fiscalização pela cidade — disse o gerente.