Jhonattan Reis
30/10/2018 18:21 - Atualizado em 03/11/2018 14:39
“O filme não fala especificamente sobre o nosso país, mas, por algum motivo, ele se chama dessa forma. Vamos tentar descobrir o porquê nesta exibição”. As palavras são do advogado e publicitário Gustavo Oviedo, que convida o público para a exibição do loga-metragem “Brazil: O Filme” (Brazil, 1985), de Terry Gilliam, nesta quarta-feira (31) à noite, no Cineclube Goitacá. A sessão começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado no cruzamento da rua Conselheiro Otaviano com a rua Treze de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
Na trama, Sam Lowry (Jonathan Pryce) vive num Estado totalitário, controlado pelos computadores e pela burocracia. Neste Estado futurista, todos são governados por fichas e cartões de crédito e, ainda, precisam pagar por tudo, até mesmo pela permanência na prisão. Em meio à opressão, Sam acaba se apaixonando por Jill Layton (Kim Greist), uma terrorista.
Oviedo explicou o porquê da escolha do filme:
— Estamos vivendo um momento em que há muita apreensão e incerteza sobre o futuro do nosso país, sendo que parte da população acha que vamos para uma nova ditadura. Ao mesmo tempo, a eleição de Bolsonaro colocou o Brasil novamente nas manchetes internacionais.
O apresentador da noite citou três motivos para assistir “Brazil”: a “fantasia orwelliana”, “o banquete visual” e o “herói comum”.
— Essas três características são da produtora Criterion, que trabalhou em um trailer por ocasião do relançamento do filme em blu-ray. É uma fantasia orwelliana porque o diretor cria um mundo distópico muito parecido com o do romance “1984”, de George Orwell, em que um estado totalitário hipertrofiado tenta controlar a sociedade através de uma estrutura burocrática e repressiva — disse, continuando:
— É um banquete visual porque a direção de arte faz um trabalho fantástico ao recriar um ambiente temporalmente indefinido, dentro do século XX. Tudo o que se vê no filme, desde os computadores até os automóveis, foi projetado de forma a parecer ao mesmo tempo moderno e antigo, ainda com o exagero e o barroquismo próprio do diretor. Finalmente, o protagonista é um herói comum, um sujeito cinzento e medíocre, cuja rebeldia se apresenta apenas nos sonhos, mas que se revelará assim que a sua amada aparecer em carne e osso na “realidade”.
Gustavo oviedo comentou, ainda, sobre o trabalho de Terry Gilliam.
— Ele é um diretor americano que se iniciou como integrante do grupo de humor inglês Monty Python. Ele realizava as vinhetas animadas do programa do grupo, o “Monty Python Flying Circus”. O seu estilo como realizador mantém parte do humor nonsense, além de um estilo visual carregado que se inspira nos clássicos de desenhos animados, especialmente os curtas da Warner da década de 40. Um tema recorrente ao longo de sua carreira como diretor é como se encaixa a loucura num contexto de controle ou “normalidade”, o que pode ser visto em filmes como “O Pescador de Ilusões” (1991, The Fisher King), “Os Doze Macacos” (1995, Twelve Monkeys) e “Medo e Delírio” (1998, Fear and Loathing in Las Vegas).
Gustavo Oviedo relatou, também, que não acha que o filme esteja diretamente relacionado com a política brasileira.
— Para mais detalhes sobre a obra, é só chegar no Cineclube Goitacá — falou.