Durante este ano, a Paróquia São Sebastião, em Varre-Sai, está promovendo a preservação da mata nativa que fica no território paroquial. Com a criação da RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural Papa Francisco), o local está recebendo atenção especial com o uso sustentável do espaço. Pe. Rogério Cabral Caetano tem promovido visitas ao Morro do Calvário nas atividades religiosas, mas com um projeto de educação ambiental para a preservação da mata nativa que fica na área da Igreja São Sebastião.
Ele criou a Reserva Particular de Patrimônio Natural Papa Francisco, que protege a área com vegetação nativa da Mata Atlântica. Além da preservação da vegetação, as visitas serão realizadas no local que abriga o Calvário e a Gruta de São Sebastião e a revitalização do local.
— Dedico essa reserva ao Papa Francisco, que demonstra a preocupação da igreja católica em defender o meio ambiente e nos dá grandes lições em sua carta encíclica Laudato Si. E nossa cidade tem registrado a perda de grande parte dessa cobertura vegetal. Minha preocupação é não permitir que essa área venha a ser desmatada — disse Pe. Rogério.
A necessidade da preservação da cobertura vegetal é uma exigência em Varre-Sai. A cidade sofreu com desmatamento de áreas e vem sofrendo graves problemas ambientais. A jornalista Cristiane Fabri fala desse grave problema e ressalta a importância da criação da reserva.
— A instalação da Reserva Particular Patrimônio Natural Papa Francisco é mais uma inovação proposta por Pe. Rogério, que sempre esteve à frente de seu tempo. A preservação ambiental é fundamentalmente necessária para a vida no planeta. Preservar a natureza é preservar a própria vida. Varre-Sai tem perdido muito no decorrer dos anos com o desmatamento e suas consequências, como a falta de água e as mudanças climáticas. Isso são as alterações básicas que qualquer munícipe já percebeu. Com tantos problemas que aparecem nessa contramão, implantar uma RPPN é um ideal muito mais que necessário. É um ideal vital — assegura Cristiane Fabri.
A professora e especialista em Educação Ambiental Maria Olinda Fabbri destaca que a criação da reserva assume objetivos como o de proteção do manejo de recursos naturais e a manutenção dos equilíbrios climáticos e ecológicos. Verifica, portando, o ressurgimento do remanescente da nossa Mata Atlântica e, com ela, as espécies vegetais e toda fauna nativa dessa região.
— Sempre morei muito próximo ao Calvário — espaço por cima da igreja matriz —, área que foi objeto da Reserva Particular que foi instituída. Desde a minha infância frequentei esse espaço e muitas vezes observei a presença da fauna silvestre como, por exemplo, o bicho-preguiça, tatus, saguis, laçaris, araras, bem como várias espécies da flora, como, por exemplo, bromélias e orquídeas que enfeitavam nossos piqueniques — observa Maria Olinda.
Além da preservação ambiental, a professora fala da importância do local. A criação da reserva é forma de preservação da cultura do município, além de favorecer o desenvolvimento de atividades recreativas, turísticas, de educação e pesquisa. O conhecido “calvário” é patrimônio cultural de Varre-Sai. Por séculos ele é cenário de várias procissões na semana santa, bem como a tradição que a comunidade cristã local conserva de subi-lo rezando o rosário, em sinal de penitência, para clamar por chuva em tempos de seca.
— A criação da reserva é forma de preservação da cultura do município, além de favorecer o desenvolvimento de atividades recreativas, turísticas, de educação e pesquisa, considerando que basta a autorização da Paróquia São Sebastião e a vontade da população para que se solidifiquem. Com efeito, são inúmeros os benefícios ambientais: melhoria da qualidade do ar; diminuição das ilhas de calor; impedimento de erosão; melhoramento do solo; absorção de água nos lençóis freáticos, dentre outros — disse. (A.N.)