Filme de Tony Kaye é libelo contra radicais
Celso Cordeiro Filho 25/10/2018 18:53 - Atualizado em 26/10/2018 18:05
Isaías Fernandes
“Vença quem vencer neste segundo turno da eleição presidencial, a certeza é que o ódio, via preconceitos e extremismos, vai aumentar. Daí ser importante exibir este filme porque sua mensagem é um alerta: onde existe ódio fica difícil a convivência e a harmonia social”. A advertência é do crítico de cinema, Felipe Fernandes, ao apresentar, nesta quarta-feira (24), no Cineclube Goitacá, o filme “A Outra História Americana” (1998), dirigido por Tony Kaye. Destacou também que o filme aborda o preconceito e extremismo com bastante contundência, mas sem se tornar panfletário.
Na trama, Derek Venyard (Edward Norton) é um homem assumidamente neonazista que busca vazão para as suas agruras se tornando líder de uma gangue de racistas na cidade de Los Angeles (Estados Unidos) dos anos 90. O ódio e a violência o levam ao assassinato e é condenado pelo crime. Três anos depois, Derek sai da prisão com uma nova visão do mundo. Daí se empenhar para que seu irmão (Edward Furlong) não siga os seus passos. Ou seja: não trilhe o mesmo caminho. “O Brasil está vivendo um momento importante de sua história e, infelizmente, a radicalização (preconceito, ódio e irracionalidade) tende a aumentar. Daí ser importante a reflexão que pode ser feita a partir deste filme”, salientou Felipe. Para a dentista e psicanalista Luiz Fernando Sardinha, que defende a democracia como bem maior da sociedade brasileira, “a verdade é que o ser humano tende a não respeitar o outro. A harmonia social que deveria existir acaba sendo esvaziada”.
Ainda sobre o filme é importante observar a intensidade e os vários e longos momentos de silêncio que são oferecidos a toda hora e fazem questão de deixar pré-estabelecida uma tensão amedrontadora em relação aos seus personagens, que não cessa mais em momento algum. ‘’A Outra História Americana’’ faz questão de lembrar que o ódio é muitas vezes um círculo sem fim, deixando claro que é através de inseguranças e por acreditar em algo mais grandioso que sua própria existência que esse tipo de pensamento retrógrado se desenvolve. E o filme faz isso sem medo.

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