Academia Campista de Letras com novos membros
Paula Vigneron 20/10/2018 13:52 - Atualizado em 23/10/2018 17:24
A Academia Campista de Letras (ACL) receberá, nesta segunda-feira (22), quatro novos membros para a composição do quadro de acadêmicos efetivos. Os poetas Aluysio Abreu Barbosa, Ronaldo Henrique Barbosa Júnior e Roberto Pinheiro Acruche e o escritor Elias Rocha Gonçalves ocuparão, respectivamente, as cadeiras 31, 7, 24 e 17. A cerimônia de posse acontecerá às 19h, na sede da ACL, localizada na praça Nilo Peçanha, Jardim São Benedito. A entrada é franca.
Diretor da Folha da Manhã, o jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa, de 46 anos, se recordou dos primeiros contatos com a poesia aos 14 anos de idade. Para ele, a leitura de “Navio Negreiro”, de Castro Alves, indicada pelo pai, o também jornalista Aluysio Cardoso Barbosa, foi um encontro. “Lembro que pensei: é isso que quero fazer da vida. Depois, vieram vários autores”, complementou.
Nos anos 90, Aluysio começou a participar de festivais de poesia. Ele foi vencedor das edições de 1992 e 2007 do FestCampos de Poesia Falada. Em 2008, ganhou o 11º Concurso Nacional de Poesia Francisco Igreja, promovido no auditório Machado de Assis, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Para ele, a expectativa de assumir a cadeira está relacionada à capacidade para representar uma geração que tem como alguns de seus representantes o poeta Adriano Moura e a literata Analice Martins:
— E que honre aos que vieram e deixe aos que virão os versos de Walt Whitman: “Poetas de amanhã: arautos, músicos,/ cantores de amanhã!/ Não é dia de eu me justificar/ E dizer ao que vim;/ Mas vocês, de uma nova geração,/ Atlética, telúrica, nativa,/ Maior que qualquer outra conhecida antes/ — levantem-se: pois têm de me justificar!”.
Mais novo entre os membros, o poeta Ronaldo Júnior, de 22 anos, é estudante de Direito. O jovem escritor deu os primeiros passos literários quando ainda cursava o ensino médio, aos 15 anos, no campus Centro do Instituto Federal Fluminense (IFF). Conforme afirma o campista, “a inquietação para a escrita não tardou”. “Fui influenciado a ler poesia pela dedicação de uma professora de português. O primeiro autor que li foi Vinicius de Moraes, mas também absorvi muito do Leminski, do Gullar, do Bandeira, do Manuel de Barros e de outros muitos”, declarou.
Em 2016, Ronaldo publicou o livro “O verso sou eu — Antologia de sentimentos”. Membro da Academia Pedralva de Letras e Artes (APLA), o poeta acredita que as instituições culturais são agentes fundamentais na construção e preservação dos símbolos que formam a identidade da região: “Creio na transformação dos seres humanos por meio da arte e da liberdade, no que espero poder colaborar como acadêmico da Academia Campista de Letras, ciente da função social da instituição”.
Aos 60 anos, Elias Rocha Gonçalves se lembra dos primeiros passos profissionais, ainda distantes das letras e artes. Ex-padeiro, o professor e escritor também compõe o quadro dos acadêmicos da APLA. “É uma honraria para um ex-padeiro, filho de uma família humilde, chegar a uma academia das letras. Espero ser um soldado das letras e levar meu ânimo e minha força para que a academia tenha mais sucesso”.
O primeiro livro publicado pelo escritor foi “Passo a passo de monografias”, em 2007, e tem mais de 100 mil exemplares vendidos. Em 2010, foi publicada “A pedagogia do encantamento”, vendida no Brasil e em 28 países de língua espanhola. Entre 2013 e 2015, Elias cursou o pós-doutorado em Portugal. Das pesquisas, nasceu “Políticas públicas da educação especial Brasil/Portugal”, fruto de um trabalho conjunto com Regina Célia, Bianca Siqueira Gonçalves, Virgínia Gonçalves e Elias Gonçalves Júnior, esposa e filhos, que também são professores e pesquisadores. “Então, dá para perceber que é uma família que fala de educação e cultura o dia inteiro”, brincou. Este e outro livro de Elias, “A reforma do Ensino Médio (conto, fábula ou mito?)”, serão lançados na 10ª Bienal do Livro de Campos.
Nesta nova etapa, o professor afirmou que espera contribuir, com todo o seu empenho, garra e conhecimento, para a ACL. “Enxergo a academia como um marco regulatório da cultura campista. Não é à toa que chega a essa quantidade de anos fazendo cultura e educação, em uma época tão difícil. É sinal de serviços prestados que ACL tem. É um orgulho para todos nós.”
“A posse, evidentemente, é um momento de expectativa. A gente já vai segurando um pouco as emoções. A Academia Campista de Letras sempre um marco na história, na cultura de Campos”, declarou o poeta Roberto Pinheiro Acruche. Aos 74 anos de idade e nascido em São Francisco de Itabapoana, Acruche é autor de três livros: “Apontamentos para a história de São Francisco de Itabapoana”, “A minha terra também faz parte da história do Brasil” e “O mangue da moça bonita”, este baseado em uma lenda do município e escrito em trovas. Ele também é criador da revista eletrônica “Trovas e Poemas”. Atualmente, o poeta prepara os detalhes finais para a publicação da obra “A igrejinha abandonada”.
A carreira em academias começou com sua entrada na Pedralva. Amigos o incentivaram a fazer parte do quadro efetivo. Após aceitar, a atuação na vida cultural de Campos e cidades da região aumentou, com a participação em cafés literários, concursos e palestras em escolas, visando despertar em meninos e meninas o prazer pela literatura. Agora, Acruche aguarda o novo desafio:
— Com carinho, amor e vontade de participar da história de Campos com aqueles amigos, vamos lá! Esperar que tudo dê certo. Sou idoso, mas não sou velho. Tenho a cabeça de 25 anos e o corpo de 74. Espero viver mais alguns anos, agora inspirado pelos meus amigos da Academia Campista de Letras.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS