Soffiati apresenta filme do diretor Ernst Lubitsch
16/10/2018 18:16 - Atualizado em 18/10/2018 15:58
Divulgação
Três filmes da primeira metade do século passado estarão nesta quarta-feira (17) à noite na tela do Cineclube Goitacá. O professor, pesquisador e crítico de cinema Aristides Soffiati exibirá “Não Quero Ser Um Homem” (“Ich Möchte Kein Mann Sein”, 1918), do diretor Ernst Lubitsch; “Marcha Sobre Tóquio” (“Tokyo Koshin-kyoku”, 1929), de Kenji Mizoguchi; e “Os Óculos do Vovô” (1913), de Francisco Dias Ferreira dos Santos. A sessão começará às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado na esquina da rua Conselheiro Otaviano com a rua Treze de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
Soffiati ressaltou que o objetivo é mostrar os primórdios da comédia romântica no cinema — com o filme de Lubitsch —, além de abordar a emancipação da mulher no século XX, com as duas primeiras obras, e de apresentar o mais antigo filme brasileiro que restou.
A obra principal da noite é o longa-metragem “Não Quero Ser Um Homem”. Na trama, a jovem malcriada Ossi se disfarça de homem para fugir do seu tutor e da sua governanta. Ela se aproveita do disfarce para cair na noitada de Berlim, onde encontra o tutor, que não a reconhece. Primeiro, os dois se tornam amigos de bebedeiras. Depois de uma série de eventos, acabam se apaixonando um pelo outro. Nesta comédia, Lubitsch brincou com estereótipos de gêneros e com papéis sexuais, embaixo dos olhos de uma censura rigorosa.
— É um filme de 45 minutos de duração e que mostra muitas coisas interessantes. Uma delas é a forma como a Primeira Guerra Mundial começou a emancipar a mulher, que teve que trabalhar fora, já que o marido estava na guerra. Outro ponto é que, pelo que sei, é o primeiro caso de homossexualismo no cinema, apesar de um dos personagens ser, na verdade, uma mulher. É uma obra bastante relevante. Esta exibição ainda é uma homenagem ao primeiro século de existência deste filme, completado este ano.
A segunda obra da noite, “Marcha Sobre Tóquio”, também aborda a emancipação da mulher, explica Soffiati.
— Nela, que dura 27 minutos, é possível ver a diferença entre a mulher submissa e a mulher emancipada do Japão. Também mostra a ocidentalização do país. Você vai ver pessoas usando roupas típicas japonesas ao lado de gente trajando a moda ocidental.
De acordo com o apresentador da noite, “Os Óculos do Vovô”, primeiro filme que será apresentado, foi filmado em Pelotas, no Rio Grande do Sul, e teve sua estreia no município de Santa Maria.
— Especialistas entendem que este, dirigido por um português, é o filme brasileiro mais antigo que sobrou. Alguém deve ter feito alguma obra antes, mas este foi o primeiro que se manteve. Tem quatro minutos e meio de duração, um roteiro de certa forma ingênuo, mas é uma obra bastante rica do ponto de vista histórico. (J.H.R.)

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