Exposição da obra de Machado de Assis
04/10/2018 18:50 - Atualizado em 08/10/2018 16:09
Dezenas de primeiras edições de livros de Machado de Assis — muitas delas assinadas pelo autor — estão na exposição “Machado de Assis na BBM — Primeiras Edições e Raridades”, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Universidade São Paulo (USP). Ela se junta a uma tradição histórica de exposições do trabalho de Machado, como as que ocorreram em 2008, 1968 e 1939 na Biblioteca Nacional, no Rio.
A nova exposição tem curadoria do professor de literatura brasileira da USP Hélio de Seixas Guimarães e reúne 108 itens da machadiana de José Mindlin, hoje com acesso público na biblioteca da universidade. Além dos livros, também estão ali periódicos em que Machado publicou textos esparsos — por exemplo, uma edição da revista O Novo Mundo, editada em Nova York, com o célebre ensaio Instinto de Nacionalidade, de 1873 — e também exemplares de edições póstumas com escritos até então inéditos em livros, correspondências, etc.
A ideia da mostra, segundo o curador, é apresentar ao visitante de maneira concreta os modos de constituição da obra de Machado em seus variados suportes e gêneros. Além de poder apontar caminhos de pesquisas e curiosidades de edição.
A exposição ilustra, por exemplo, a história de edições de 1902 das “Poesias Completas”, publicadas primeiro em 1901 pela Garnier. Em uma das edições, um erro tipográfico troca a letra “e” por “a” na palavra cegara, e a frase de Machado no posfácio fica assim: “...porque a afeição do meu defunto amigo a tal extremo lhe cagara o juízo que viria a ponto reproduzir aqui aquela saudação inicial”. O erro foi corrigido à mão, com nanquim, mas alguns exemplares já estavam em circulação quando a editora detectou o deslize. A exposição tem ambos.
Em uma das primeiras edições de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, Machado acrescenta uma nota ao fim, reafirmando a ironia do começo do texto em relação ao leitor: “Alguns erros escaparam que a inteligência do leitor suprirá”, escreve antes de apontá-los. “Ele começa e termina o livro falando do leitor, é uma espécie de errata irônica”, diz o curador.
Entre as dedicatórias de Machado nos livros, é possível encontrar nomes como Joaquim Nabuco, ao ator Furtado Coelho (ator e dramaturgo de quem Machado era admirador) e José Veríssimo — a edição do “Memorial de Aires”, publicado no mesmo ano da morte do escritor, que Machado encaminhou ao crítico, e sobre a qual Veríssimo fez suas considerações, está ali.
É a primeira grande exposição da machadiana da Biblioteca Mindlin, no ano em que são lembrados os 110 anos da morte do autor de “Dom Casmurro”. Guimarães é também pesquisador associado da BBM, e foi esse trabalho que lhe acendeu a ideia de montar a mostra. “É possível ver como a obra vai ganhando distinção, porque ela começa com livros mais precários, menos cuidados, e aos poucos essa distinção vai se incorporando à figura do Machado e às próprias edições”, explica.
Ele considera a exposição uma amostra do manancial de estudos que existe com o material. “Aqui há histórias das editoras, da relação de Machado com as casas, algumas histórias do percurso dos livros, do relacionamento entre os bibliófilos, entre outras coisas”, diz.
A exposição coloca à disposição em tablets alguns itens digitalizados da coleção. Um catálogo da mostra também deve ser publicado até o fim da exposição, que tem entrada gratuita e fica na USP até o dia 22 de novembro próximo, na Sala Multiuso da Biblioteca Mindlin. (A.N.)

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