Perdas na música: Angela Maria e Charles Aznavour
01/10/2018 18:44 - Atualizado em 04/10/2018 14:02
A cantora brasileira Angela Maria, considerada uma das “rainhas do rádio”, foi sepultada na tarde deste domingo (30), no Cemitério Congonhas, na zona sul de São Paulo. Ela morreu na noite de sábado (29), aos 89 anos, no Hospital Sancta Maggiore, também na capital paulista, onde estava internada há 34 dias. Já na madrugada de ontem (1º), o mundo da música perdeu o cantor e compositor Charles Aznavour, chamado de “o último gigante da música francesa do século XX”. Ele, que também era chamado carinhosamente por mídia e fãs de “Frank Sinatra francês” e “gigante da música francesa”, estava em sua casa na região do Alpilles, sul da França, após voltar de uma turnê no Japão. 
No velório de Angela Maria, que foi aberto ao público, o marido da cantora, Daniel D’Angelo, afirmou: “O céu está em festa. Ela nasceu para a música”.
Ele contou que, no dia 25 de agosto, ela passou mal e foi levada por ele para o hospital.
— Ela não queria ir, de jeito nenhum. Só dizia: “Tenho show hoje” — relatou ele.
— Mas a situação era mais complicada. Ela teve uma infecção abdominal que evoluiu e foi tomando conta dos órgãos. Ela lutou, teve um AVC e, depois de 10 dias sem voltar, fizeram uma ressonância e identificaram outro AVC mais complicado — acrescentou Daniel.
A artista, nascida Abelim Maria da Cunha, em Conceição de Macabu, no dia 13 de maio de 1929, passou a infância em Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti antes de ser conhecida como um expoente da Era do Rádio e dona de uma das melhores vozes da MPB.
Ela, filha de pastor protestante, cantava desde pequena em corais de igrejas. Apesar da oposição da família, tinha, desde cedo, o sonho de ser cantora de rádio. Começou a frequentar programas de por volta de 1947 e, para não ser descoberta pelos parentes, começou a usar o nome Angela Maria.
A cantora se apresentou no “Pescando Estrelas”, de Arnaldo Amaral, na antiga Rádio Clube do Brasil; na “Hora do Pato”, de Jorge Curi, na Rádio Nacional; no programa de calouros de Ari Barroso, da Rádio Tupi; e no “Trem da Alegria”, da na Rádio Nacional.
Já em 1948, começou a cantar na casa de shows Dancing Avenida. Foi lá que ela foi descoberta pelos compositores Erasmo Silva e Jaime Moreira Filho. A dupla apresentou Angela Maria a Gilberto Martins, diretor da Rádio Mayrink Veiga e, após passar por um teste, ela começou a carreira na emissora.
Nos anos seguintes, gravou os sambas “Sou Feliz” e “Quando Alguém Vai Embora”. Também ganharam gravação na voz da cantora a canção “Não Tenho Você”, que bateu recordes de vendas, marcando o primeiro grande sucesso de sua carreira.
Aznavour — O cantor, que, entre diversos feitos, ganhou uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, em 2017 teve uma carreira de mais de 80 anos de sucesso, com cerca de 1.300 músicas escritas, em várias línguas, e mais de 180 milhões de discos vendidos. O cantor é conhecido por diversas canções, dentre elas “She” — originalmente chamada de “Tous les Visages de L’amour”, mas que ganhou versão em inglês que chegou ao topo nas mais ouvidas na Inglaterra —,“La Bohème”, “La Mamma” e “Emmenez-moi”.
Como compositor, criou músicas para artistas como a também francesa Edith Piaf, que o conheceu em 1946 e o levou para uma turnê pela França e pelos Estados Unidos, ao lado do pianista Pierre Roche. Mais tarde, Aznavour se tornou empresário de Piaf.
Estava com a carreira ativa, já que em sua agenda havia shows marcados até junho de 2018 em países como Ucrânia, Bélgica e Israel. Durante sua vida artística, se apresentou em diversos países, inclusive no Brasil, em março de 2017 (Rio e São Paulo). Também esteve em terras verde-amarelas em 2008, passando por cidades como Recife, Fortaleza e Goiás, além de Rio de Janeiro e São Paulo.
Charles, nascido em 22 de maio de 1924, com o nome Shahnour Varinag Aznavourian, em Paris, era filho de pais armênios. Aos 9 anos, já estava atuando no palco. Para o nome artístico, resolveu reduzir Aznavourian para Aznavour. Além de músico, também trabalhou como ator em mais de 60 filmes. Protagonizou obras como “O Último dos Dez” (“Ein Unbekannter Rechnet Ab”, 1974) e esteve em outras obras como “O Tambor” (“Die Blechtrommel”, 1979), vencedor do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira; “E Não Sobrou Nenhum” (“Ten Little Indians”, 1974), inspirado no livro “O Caso dos Dez Negrinhos”, de Agatha Christie; e “Up — Altas Aventuras” (“Up”, 2009), dando voz ao protagonista da animação.
Também atuou no teatro, com vários sucessos, a exemplo: “Les Comédiens”, “Hier Encore” e “Il Faut Savoir”. Dividiu palco com vários artistas de sucesso, entre eles a atriz e cantora Liza Minnelli. (J.H.R.) (A.N.)

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