Tem recado nas urnas de 2018 para 2020 em SJB?
15/10/2018 15:07 - Atualizado em 15/10/2018 18:10
Encerrada a apuração de 7 de outubro, nos bastidores os cálculos já estão voltados para 2020. Na coluna Ponto Final do dia seguinte ao primeiro turno (aqui), foi abordado sobre o que o resultado das urnas em 2018 pode refletir no próximo pleito municipal em Campos. Com a correria do período pós-eleitoral, e ainda com o segundo turno em andamento, só agora vamos aos cálculos em São João da Barra.
Bruno Dauaire (PRP) recebeu 3.526 votos e foi o deputado estadual mais votado no município. De tradicional família política na cidade, tendo o avô e o pai como ex-prefeitos, Bruno nunca escondeu o desejo de também ocupar o posto. Contudo, ainda não se arriscou em pleitos municipais. Só em 2014, com forte apoio do hoje deputado federal eleito Wladimir Garotinho (PRP), se lançou a deputado estadual e obteve mandato.
O cargo na Alerj não foi o suficiente para cacifá-lo a um pleito local. Em 2016, já desenhada a vitória de Carla Machado (PP) sobre o então prefeito Neco (MDB), Bruno manteve a neutralidade. Vale lembrar que o desempenho nas urnas em seu domicilio eleitoral no ano de 2014 não foi dos melhores. Recebeu 2.561 votos, ficando atrás de Carla (com 8.853) e do então vereador Kaká (Avante), que obteve 3.520.
A votação de Bruno neste ano aumentou. Mas ficou abaixo do esperado nos bastidores por quem vê no filho do ex-prefeito Betinho uma alternativa para quebrar a sequência de vitórias no município do grupo liderado por Carla (quatro consecutivas, desde 2004). Ah, e vale lembrar que ela só perdeu para o pai dele, em 2000, mas depois o derrotou em 2008 e em 2012, quando apoiou Neco. Em 2014, o herdeiro político do clã Dauaire teve apoio somente de um fiel escudeiro da família, o vereador Franquis Areas (PR) — além de o pleito contar com dois outros políticos fortes da cidade, entre eles a ex-prefeita Carla, que já surfava na onda da impopularidade do seu ex-aliado e então prefeito, Neco.
Em 2018, Bruno teve apoio de outras forças políticas, mas, nas urnas, foram apenas 965 votos a mais. Em comparação com 2014, foram seis votos a mais do que os recebidos por Kaká, que no pleito seguinte não conseguiu, sequer, a reeleição a vereador. Então, é uma vitória Bruno ser o mais votado no município, bem como é fundamental para suas pretensões políticas ter um mandato. Contudo, mostrar ter garrafa pra encher, não significa favoritismo como alguns apostam. Está longe disso.
Carla, mais uma vez, adotou a estratégia de pulverizar apoio a deputados, para depois somar os votos e atribuí-los ao poderio do seu grupo. Apesar disso, era Zeidan (PT) o nome mais vinculado como o de candidata da prefeita. Zeidan perdeu para Bruno no município por 1.311 votos, chegando a um total de 2.526. É um resultado expressivo, mas há de se levar também em consideração que o terceiro mais votado foi João Peixoto (DC), outro nome vinculado ao grupo da prefeita, e que teve 1.718 votos.
Em suma, o resultado das urnas deixou recado para todo mundo. A oposição ganhou fôlego ao se aproveitar da divisão de apoios no grupo de Carla. Contudo, para um pleito municipal, não consegue se acertar, bate cabeça para todo lado, e tende a cair no maior dos pecados: a vaidade. E esse pecado leva ao maior dos erros: a divisão. Não existe mais termômetro para 2020. O que pôde ser aferido foi o que ocorreu na eleição para deputado. Seja qual for o desempenho de Eduardo Paes (DEM) x Wilson Witzel (PSC) ou Fernando Haddad (PT) x Jair Bolsonaro (PSL), isso não deve interferir nas articulações provincianas para 2020.
O grupo da prefeita já se organiza, teve gente batendo na mesa, porque não ficou feliz com alguns dos resultados, mas é bola pra frente. O próximo pleito municipal é logo ali. E por falar na próxima eleição municipal, existem dois cenários bem distintos. Um é com Carla elegível. Ninguém duvida do potencial de articulação da prefeita, ainda mais com a máquina na mão, royalties em alta e a previsão de maior geração de emprego com as obras das térmicas no Açu. Outro é se o desfecho da Machadada for com a manutenção da condenação — proferida em primeira instância e confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Por ora, a condenação está suspensa por decisão monocrática. Até 2020, deve acontecer um desfecho. Mais que o resultado das urnas em 18, é a decisão da Justiça até a próxima eleição que vai interferir, com força, no futuro político na terra de Narcisa Amália.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Arnaldo Neto

    [email protected]