PT namora apoio de Garotinho
Aluysio Abreu Barbosa 26/09/2018 22:50 - Atualizado em 28/09/2018 17:35
Presidente fluminense do PT, Washington Quaquá confirmou ao jornal O Globo que o partido negocia com Anthony Garotinho (PRP) para ter seu apoio ao presidenciável petista Fernando Haddad. As conversas durante a pré-campanha foram abandonadas depois que Márcia Tiburi foi lançada ao Palácio Guanabara pelo PT. Mas o partido deixou a porta aberta para garantir um palanque competitivo no Estado ao seu candidato a presidente: a direção nacional PT fez uma transferência de R$ 700 mil à campanha de deputada federal de Clarissa Garotinho pelo Pros, para adoçar a boca do pai.
Com atuações fracas nos debates e nas pesquisas, Tiburi não foi além dos 3% de intenções de voto na Ibope divulgada na última terça (25). Já Garotinho cresceu de 12% a 16%, empatando na segunda colocação na disputa a governador com Romário Faria (Pode). Com a proximidade das urnas do primeiro turno, foi a senha para o “namoro” ser retomado pelo PT.
— Eu liguei ontem (segunda) para o Garotinho. Ele me disse que vai votar no Haddad, mas que não declararia apoio agora, porque precisaria discutir melhor. Temos dialogado, mas quem fecha as alianças nacionais é a coordenação nacional. Agora é hora de unir o Brasil numa frente democrática. É um nível de apoio que a coordenação nacional teria de vir ao Rio — disse Quaquá. Mesmo sendo presidente estadual do partido, ele recebeu R$ 431 mil à sua própria campanha a deputado federal. Foram R$ 269 mil a menos do que o PT transferiu a Clarissa.
Aliados nacionais, o Pros teve 16 candidatas que receberam repasse de dinheiro do PT. Mas ninguém levou mais do que a filha de Garotinho. O gesto parece ter surtido efeito. Assessores do candidato a governador confirmam ao jornal O Globo que ele continua com bom trânsito com o partido de Haddad e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Depois de ter votado majoritariamente em Lula e Dilma Rousseff, quando estes se elegeram presidentes, o eleitor fluminense aderiu em peso à candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL), deputado federal pelo Estado. Segundo o Ibope de terça, o ex-capitão do Exército hoje tem 35% da votação do Estado do Rio. Haddad é o segundo, mas bem atrás, com 14%. Para tentar diminuir essa grande diferença, Quaquá já havia tentado o apoio de Eduardo Paes (DEM), líder isolado em todas as pesquisas a governador. Mas este negou qualquer interesse.
— Não há nenhuma tratativa nem conversa nesse sentido. Até porque o Haddad não faz parte da minha aliança e não tenho tido qualquer conversa com o PT. Manterei minha neutralidade — dispensou Paes.
A relação entre Garotinho e o PT é tão antiga quanto conflituosa. Ele foi eleito governador em 1998, com a petista Benedita da Silva como vice. Mas os dois não demoraram muito a romper. Em 1999, Garotinho classificou o PT, que ainda estava na sua base, como “partido da boquinha”, em referência à fome da legenda por cargos no governo estadual.
Benedita assumiu como governadora após Garotinho sair para concorrer à presidência em 2002. Mesmo no cargo, a petista seria derrotada no primeiro turno por Rosinha, mulher de Garotinho. Naquela época, o casal da Lapa era filiado ao PMDB e aliado próximo de Sérgio Cabral, eleito e reeleito governador com apoio do PT.

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