O ex-governador do Paraná Beto Richa, candidato ao Senado pelo PSDB, foi preso, na manhã desta terça-feira (11), pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Curitiba, no Paraná. Richa é alvo de duas operações: uma realizada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), pela qual foi preso, e outra da Polícia Federal (PF), em uma nova fase da Lava Jato. Na 53ª etapa da Lava Jato, a casa do político é alvo de mandado de busca e apreensão. No dia anterior, o ex-ministro Antonio Palocci, delator da Lava Jato, disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cuidou “diretamente” de propina.
Nesta terça-feira, a defesa de Beto Richa informou, por meio de nota que, até agora não sabe qual a razão das ordens judiciais e que ainda não teve acesso à investigação. "Ele está muito bem, aguardando sereno. Sempre se dispôs a prestar qualquer esclarecimento à Justiça e também ao Gaeco. Não há razão para esse procedimento, inclusive, especialmente em período pré-eleitoral", afirmou a advogada do ex-governador, Antônia lélia. Ela disse que deve ajuizar, ainda nesta terça-feira, um habeas corpus.
Na última pesquisa Ibope, divulgada em 4 de setembro, o candidato aparecia em segundo lugar, com 28% da intenção de votos.
Operação do Gaeco
A investigação do Gaeco é sobre o programa do governo estadual Patrulha do Campo, que faz a manutenção das estradas rurais. A operação foi batizada de "Rádio Patrulha". De acordo com o Ministério Público do Paraná, apura-se o pagamento de propina a agentes públicos, direcionamento de licitações de empresas, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. O MP-PR não informou quais suspeitas caem sobre Beto Richa.
Como o caso está sob sigilo, o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, não pode detalhar a operação "Rádio Patrulha". O montante de dinheiro envolvido na operação, por exemplo, também não foi informado. Batisiti explicou que o programa Patrulha do Campo era um serviço que consistia na locação de máquinas pelo Governo do Paraná para a conservação de estradas rurais.
53ª fase da Lava Jato
A 53ª fase da Operação Lava Jato cumpre três mandados de prisão em Curitiba. Os alvos são: Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete de Beto Richa; Jorge Theodócio Atherino, empresário apontado como operador financeiro do ex-governador; Tiago Correia Adriano Rocha, indicado como braço-direto de Jorge.
Batizada de "Piloto", a 53ª etapa da Lava Jato cumpre 36 mandados judiciais em Salvador (BA), São Paulo (SP), Lupionópolis (PR), Colombo (PR) e Curitiba (PR). O codinome "Piloto", de acordo com a força-tarefa da Lava Jato, se refere a Beto Richa na planilha da Odebrecht.
A investigação apura um suposto pagamento milionário de vantagem indevida em 2014 pelo setor de propinas da Odebrecht em favor de agentes públicos e privados no Paraná, em contrapartida ao possível direcionamento do processo licitatório para investimento na duplicação, manutenção e operação da PR 323.
Lula teria cuidado “diretamente” de propina
Em depoimento nesta terça-feira, o ex-ministro Antonio Palocci disse que o ex-presidente cuidou “diretamente” do pedido de propina em alguns casos, como após a descoberta de petróleo no pré-sal.
— No governo federal, em particular e junto ao presidente Lula, o pré-sal apareceu como uma, ele chamava até como um passaporte para o futuro, um bilhete premiado. (...) O presidente Lula começa também a se descuidar da parte legal da sua atuação como presidente e passa a atuar diretamente no pedido de propina — acrescentou.
Segundo o ex-ministro, ainda a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, agia como Lula. “Em relação aos fundos ela foi igual ao presidente Lula, ela insistia, inclusive usava muito que aquilo era uma ordem do presidente Lula e ela fazia reuniões com os fundos na Casa Civil e forçava a barra pros fundos investirem”, declarou.
Palocci ainda citou propinas na construção da usina hidroelétrica de Belo Monte. O juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza, marcou para 20 de novembro depoimentos dos ex-ministros Palocci e Nelson Jobim. Eles vão falar no processo que investiga irregularidades na compra de caças suecos durante o governo Dilma. (A.N.)