Garotinho: luta contra prisão e por candidatura
Suzy Monteiro 08/09/2018 18:21 - Atualizado em 11/09/2018 13:54
Ex-governador e candidato ao Governo do Estado, Garotinho foi condenado por formação de quadrilha armada
Ex-governador e candidato ao Governo do Estado, Garotinho foi condenado por formação de quadrilha armada / Antônio Leudo
Prefeito de Campos por duas vezes, governador do Estado do Rio aos 38 anos, candidato à Presidência da República que alcançou 15 milhões de votos. Condenado em 2004 por abuso de poder político, condenado em 2010 por formação de quadrilha em decorrência da operação Segurança Pública S/A. Condenado por improbidade na operação Pecado Capital. Condenado na operação Chequinho por corrupção eleitoral, associação criminosa, supressão de documento público e coação durante o processo. Condenado inúmeras vezes por calúnia, injúria e difamação contra desafetos. O nome Anthony William Matheus de Oliveira, o Garotinho, sem dúvida está marcado na política e na Justiça brasileira. E neste ano de 2018, trava sua mais importante e difícil batalha nos dois campos em que transita em mais de 30 anos de vida pública: tenta voltar ao Palácio Guanabara, onde viveu o apogeu de sua carreira política, e escapar de sua quarta prisão em menos de dois anos e que pode ocorrer assim que esgotarem os recursos junto ao Tribunal Regional Federal da 2a Região (TRF-2). Além disso, ele continua a campanha, mas sub judice, após ter o registro negado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Cabe recurso ao Tribunal Superior (TSE).
Um dos três nomes que lideram as pesquisas ao Estado, Garotinho poderia estar ostentando o ingrato recorde de três condenações por colegiado. Evitou a possibilidade de uma primeira, no caso Chequinho, na qual foi condenado e preso em 13 de setembro do ano passado, quando foi sentenciado a 9 anos, 11 meses e 10 dias de prisão pelo crime, repetido mais de 17 mil vezes, de acordo com a Justiça.
Quando o TRE se preparava para julgar o recurso contra a condenação, Garotinho conseguiu liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu o trâmite da ação, até a verificação das suspeições da defesa contra juízes que atuam no caso.
Porém, o “alívio” para Garotinho não garantiu tranquilidade na campanha. Na véspera de ser lançado candidato pelo PRP, mês passado, outra condenação, desta vez por colegiado. A 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça (TJ) negou a apelação de Garotinho, mantendo a sentença que o condenou, junto com outros réus, a devolver R$ 234 milhões, e ainda suspendeu seus direitos políticos por oito anos. Foi com base nesta condenação que a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) impugnou a candidatura de Garotinho, o que foi confirmado, por unanimidade, pelo plenário do TRE, na última quinta-feira.
Entre a decisão do TJ e a do TRE, outra condenação, mas pelo TRF2, no dia 4 de setembro. Além de ter a condenação mantida, a pena de 2010, que em 1ª instância era de 2 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto, foi ampliada para 4 anos e 6 meses e passou para o regime semiaberto, quando o preso dorme na cadeia. O TRF informou que após os Embargos de Declaração, será expedido o mandado de prisão. Isso pode acontecer antes mesmo da eleição, marcada para 7 de outubro.
Além disso, ele é investigado, junto com Rosinha e outras seis pessoas, na operação Caixa d’Água, sob a acusação de integrarem uma organização criminosa que arrecadava recursos de forma ilícita com empresários com o objetivo de financiar campanhas eleitorais e a de aliados, inclusive mediante extorsão.
Em paralelo, ele continua em terceiro lugar nas pesquisas, não conseguindo, ainda, superar seus principais adversários na disputa: Eduardo Paes (DEM) e Romário (Podemos). 
“Perseguição política e judicial”
Por diversas vezes, o ex-governador Anthony Garotinho e sua defesa têm afirmado que ele é vítima de perseguição política, judicial e midiática. Segundo Garotinho, a motivação viria das denúncias feitas por ele contra o desembargador do TJ, Luiz Zveiter, o ex-governador Sérgio Cabral, o presidente afastado da Assembleia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani, o ex-presidente Paulo Mello e outros membros da cúpula do MDB.
Sobre a Chequinho, o ex-governador já se manifestou diversas vezes, afirmando que é perseguição e não há imparcialidade no julgamento, além de afirmar que não existe “sequer um favorecido do Cheque Cidadão dizendo que recebeu o benefício por meu intermédio... houve ainda uma série de ilegalidades no decorrer do processo e um claro cerceamento de defesa”.
No caso do TJ, alega que “foi julgado sem advogado, num claro cerceamento de defesa” e afirma que está recorrendo. Disse, também, que não cometeu nenhuma irregularidade,
Sobre a questão do TRF2, o ex-governador afirmou: “Essa decisão não me surpreende. Ela faz parte de um conjunto de ações que foram elaboradas para inviabilizar a única candidatura contra esse sistema podre que foi denunciado por mim no Rio de Janeiro. Ninguém tem dúvida de que, se não fossem minhas duas denúncias-crime no Ministério Público Federal, em Brasília, o Sérgio Cabral ainda estaria passeando por aí com sua facção criminosa”.
Sobre o registro, ele irá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

ÚLTIMAS NOTÍCIAS