Dúvidas e certezas após TRF-2
Suzy Monteiro 06/09/2018 10:46 - Atualizado em 10/09/2018 13:39
Ex-governador e candidato ao Governo do Estado, Garotinho foi condenado por formação de quadrilha armada
Ex-governador e candidato ao Governo do Estado, Garotinho foi condenado por formação de quadrilha armada / Antônio Leudo
Após a condenação do candidato ao Governo do Estado Anthony Garotinho (PRP) pelo crime de formação de quadrilha armada, com pena de quatro anos e seis de prisão em regime semiaberto, ainda existem dúvidas sobre as situações jurídica e política. A defesa do ex-governador afirma que ele está elegível e que não poderá ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. De qualquer forma, será uma corrida contra o tempo para tentar garantir a candidatura, ainda que sub judice, e evitar uma possível prisão. De acordo com o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), o mandado de prisão será expedido após o julgamento dos embargos de declaração.
Dia 20 de agosto, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) do Rio contestou a candidatura de Garotinho. A medida teve como base decisão do Tribunal de Justiça (TJ) que, em junho, condenou o ex-governador por ato doloso de improbidade administrativa com lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito de terceiro. O processo aponta desvios de R$ 234,4 milhões da saúde no Estado em 2005 e 2006, quando ele era secretário estadual de governo.
Na terça-feira, após nova condenação, mas pelo TRF-2, a assessoria do órgão informou que a decisão seria comunicada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e à PRE. O próprio candidato e sua defesa, em entrevista coletiva, afirmaram que isso não seria possível, uma vez que a impugnação já havia sido apresentada. Porém, o advogado eleitoral João Paulo Granja de Abreu explica que a condenação pelo TRF- 2 pode sim ser acrescida na impugnação já apresentada pela PRE contra Garotinho.
— Se antes do registro de candidatura ser julgado, a Procuradoria Eleitoral pode sim comunicar mais um fato para que o TRE analise — afirma, citando como exemplo, o registro do vereador Marcos Bacellar (PDT), que, em 2016, foi contestado pelo advogado Thiago Godoy, ex-subsecretário de Governo na gestão Rosinha. A impugnação foi apresentada após o processo do registro de candidatura ter começado.
Segundo João, o acórdão, em geral, é publicado entre dois e cinco dias úteis. Após isso, a defesa tem cinco dias corridos para os embargos de declaração junto ao TRF. O órgão, então, julga os embargos, que são o último recurso em segunda instância. 
Mantidas multas por propaganda antecipada
O TRE manteve, na sessão plenária dessa quarta-feira (5), duas multas, no valor total de R$ 22 mil, ao candidato Garotinho por propaganda eleitoral antecipada na rede social Facebook.
Em uma das representações, o então pré-candidato foi multado em R$ 10 mil por “tentar dissimular o pedido explícito de voto, atribuindo indevidamente a terceiro as expressões ‘desejo de votar’ e ‘você vai ter o meu apoio’”, afirmou o relator, desembargador Nagib Slaibi Filho.
Já no outro processo, o político foi multado em R$ 12 mil por veicular “mensagens promocionais em seu favor e em detrimento de terceiros, apontando sua intenção de concorrer às eleições próximas, com mensagens de pedido de apoio e votos”, explicou o mesmo relator.
Os dois fatos foram antes do período permitido pela Lei Eleitoral para propaganda política. De acordo com a legislação eleitoral, a propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto, e os fatos analisados ocorreram antes desse período.
A íntegra das decisões pode ser consultada no sistema PJe, em consulta processual. Cabe recurso das decisões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília.
Reunião na sede do PRB para acalmar ânimos e apresentar defesa sobre julgamento e recursos que serão apresentados
Reunião na sede do PRB para acalmar ânimos e apresentar defesa sobre julgamento e recursos que serão apresentados / Divulgação
Reunião com partidos para versão dos fatos
Um dia depois da condenação pelo TRF-2, Garotinho participou, nessa quarta, de uma reunião na sede do Partido Republicano Brasileiro (PRB), no Rio. O partido compõe sua coligação e é o de sua vice, Leide. A reunião serviu para “acalmar” setores do PRB, em função da repercussão da condenação do ex-governador.
Do encontro, participaram candidatos e presidentes dos partidos que apoiam a candidatura de Garotinho, a presidente do PRP, Eliane Cunha, o senador Eduardo Lopes, presidente do PRB no Estado do Rio, Daniel Tourinho, presidente estadual do PTC e a ex-deputada federal Lílian Sá, representado o Patriota, partido da ex-governadora Rosinha.
No encontro, Garotinho voltou a afirmar que é vítima de perseguição política e jurídica. Além disso, frisou que não está inelegível, dizendo que o objetivo do julgamento foi confundir o eleitor.
Terça-feira, logo após o julgamento, a defesa de Garotinho argumentou que condenações em segunda instância, depois de cinco dias após o pedido de registro eleitoral não podem ser usadas para justificar a inelegibilidade de um candidato e enquadrá-lo na Lei da Ficha Limpa.

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