O Ministério Público do Estado de São Paulo denunciou nesta terça-feira (4) o ex-prefeito de São Paulo e atual candidato à vice-presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, por corrupção passiva, associação criminosa, e lavagem de dinheiro. A denúncia aponta que Haddad teria solicitado e recebido indevidamente da UTC Empreiteira o valor de R$ 2,6 milhões em 2013. Essa é a segunda ação do MP de São Paulo contra Haddad nos últimos oito dias. Na anterior, o Ministério Público propôs uma ação civil de improbidade administrativa contra o petista, que inicialmente era o vice na chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve a candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa. Lula está preso em Curitiba, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá, em São Paulo.
— (Fernando Haddad) solicitou e recebeu indiretamente, vantagem indevida de R$ 2.600.000,00. Depois, agiu por interpostas pessoas de forma a dissimular a natureza, a origem, a localização e a movimentação dos valores provenientes, direta e indiretamente, daquela infração penal”, diz a denúncia, assinada pelo promotor Marcelo Batlouni Mendroni.
Na denúncia, o MP diz que João Vaccari Neto, na época tesoureiro do PT, teria “em nome de Haddad” pedido dinheiro a Ricardo Ribeiro Pessoa, controlador da UTC Participações, para o pagamento de dívidas com gráficas responsáveis pela impressão de material de campanha do ex-prefeito em 2012.
Pessoa foi preso em uma das fases da Operação Lava Jato e firmou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República em 2013. O grupo empresarial UTC entrou com pedido de recuperação judicial no ano passado.
Em nota, a assessoria de Haddad rebateu o MP afirmando que a denúncia se baseia em uma narrativa sem provas do empresário Ricardo Pessoa. “Surpreende que, no período eleitoral, uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo, contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República, Fernando Haddad”. (...) “É notório que o empresário já teve sua delação rejeitada em quase uma dezena de casos e que ele conta suas histórias de acordo com seus interesses. Também é de conhecimento público que, na condição de prefeito, Fernando Haddad, contrariou no segundo mês de seu mandato, o principal interesse da UTC de Ricardo Pessoa na cidade: a obra confessadamente superfaturada do túnel da avenida Roberto Marinho”, finalizou a assessoria.
Lula orienta advogado a recorrer
Representante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Tribunal Superior Eleitoral, o advogado Luiz Fernando Pereira declarou nesta terça-feira que recebeu orientação do petista para continuar apresentando recursos que insistem na sua candidatura à presidência da República.
Luiz Fernando Pereira disse que se encontrou na última segunda-feira com Lula na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente está preso desde o começo de abril.
O advogado afirmou que tratou dos recursos que serão apresentados contra a decisão tomada pelo TSE na madrugada do último sábado, quando, por seis votos a um, a Corte Eleitoral rejeitou o registro de candidatura de Lula. O Tribunal considerou que Lula ele está inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.
Nesta terça, a defesa de Lula apresentou os embargos de declaração, último recurso para esclarecer pontos da decisão tomada pelo TSE, mas que não muda o mérito. Os advogados também entraram com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando que o plenário do TSE não acatou uma decisão do comitê de Direitos Humanos da ONU que libera a participação do ex-presidente na disputa presidencial até que se esgotem os recursos contra condenação. (A.N.)
Empresa de “apoio fake” contratada por Indio em 2016
Uma reportagem do jornal O Globo mostrou ontem que o candidato a governador Indio da Costa (PSD) contratou em 2016 os serviços de uma empresa que é investigada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de Minas Gerais por operar um esquema de compra de elogios na internet mantida pelo deputado Miguel Corrêa (PT-MG).
De acordo com a reportagem, a empresa do petista procurava jovens com mais de mil amigos no Facebook para participar de um programa de posts pagos. Para receber o dinheiro prometido, o internauta precisaria obrigatoriamente publicar nas suas redes de amigos conteúdo de campanha de Indio, o que já era proibido por lei.
Em nota, Indio disse que não sabia como a empresa agia. “Contratei os serviços porque me apresentaram uma proposta de trabalho técnico e que seria positivo para as minhas redes sociais. A forma como agiam não era de meu conhecimento. Até porque, para mim, não interessa qualquer crescimento que seja fake, ilusório. Nem eu nem ninguém ganha com isso”. (A.N.) (A.S.)