Seca do Paraíba é a mais longa em 85 anos
Victor de Azevedo 01/09/2018 15:59 - Atualizado em 03/09/2018 13:23
O período de seca do rio Paraíba do Sul é o mais longo em 85 anos. A afirmação é do diretor do Comitê do Baixo Paraíba, João Siqueira. A solução para o problema passa pela construção de uma cisterna de água e contenção de cheias, que deverá ser realizada em Minas Gerais. Enquanto o projeto não sai do papel, ações são realizadas pela Prefeitura de Campos e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que buscam minimizar os impactos. Com o volume baixo do rio, a população aproveitou para cultivar hortas nas áreas ribeirinhas.
Segundo João Siqueira, este ano o nível da chuva foi até maior, mas não o suficiente para acabar com a crise. “Esse ano choveu mais um pouco, mas não choveu nas cabeceiras. Em 85 anos que se mede o nível do rio Paraíba aqui em Campos, a cota mínima é 5,20m. De 2013 a 2017, caiu para 4,40. O rio está seco novamente. A crise não acabou. Hoje, está em 4,60m. Vai chegar em setembro ou outubro a 4,20m. São cinco anos de seca, nunca houve isso na história do Paraíba. Em 85 anos de medição, nunca houve uma seca deste tamanho”, ressaltou.
Rio Paraíba do Sul
Rio Paraíba do Sul / Isaías Fernandes
Outro fator que contribuiu para complicar a situação do rio Paraíba do Sul é o aumento do período seco nos últimos 20 anos. “Nós dividimos o rio Paraíba do Sul em duas partes: a primeira que atende São Paulo e a cidade do Rio de Janeiro e a segunda que atende o restante da bacia. O lado de São Paulo e Rio tem cisterna, o nosso lado não tem. Chove, bate na calha, vai para o mar e está seco de novo. E isso é de março a outubro, período seco que se alongou para Campos e São João da Barra nos últimos 20 anos. Era de maio a setembro, agora é de março a outubro”, disse João Siqueira.
A seca no rio em Campos fez surgir uma horta comunitária nos arredores do Paraíba. Na altura do Jardim Carioca, em Guarus, são cultivadas hortaliças, legumes e verduras de todo tipo. O uso do rio pela população em períodos secos não é novidade. Em 2014, as pessoas transformaram o Paraíba em balneário, com direito a guarda-sol, cadeira, cerveja, samba e farofa. Na época, o local foi apelidado de “Ilha dos Caras”.
Cota mínima do Paraíba está em 4,60m
Cota mínima do Paraíba está em 4,60m / Isaías Fernandes
Para evitar tais situações, João Siqueira ressalta que é necessário a construção da cisterna. “Alocamos um recurso do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap) para fazer o projeto da cisterna. Existia um projeto de contenção de cheia em Muriaé e Pádua. O projeto voltou para o Inea e agora se transformou em projeto de reservação de água e contenção de cheias, certamente para resolver o problema”, finalizou.
Enquanto o projeto não sai do papel, a Prefeitura de Campos protege os mananciais através de reflorestamento às margens do Paraíba e seus afluentes. “Uma das ações mais importantes para a preservação do Paraíba é a proteção das áreas de recarga dos rios, as nascentes, onde os rios se formam. Quando falamos em proteção dos rios, temos que ressaltar a qualidade da água, com tratamento de esgoto, ações de educação ambiental, como as que acontecem no Centro de Educação Ambiental (CEA) para que não haja despejo irregular de lixo e esgoto, além de preservar rios e lagoas e não desperdiçar água” informou o subsecretário de Desenvolvimento Ambiental, Carlos Ronald Macabu.

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