A atriz campista Zezé Motta deu uma entrevista dias atrás para uma emissora de televisão e falou sobre a carreira e o preconceito racial existente no Brasil.

Ela declarou que a situação do negro está melhorando na TV, mas que ainda falta muito. “Existe uma preocupação hoje dos produtores, dos diretores, de diversificar os papeis, eu percebo. Mas ainda falta muito espaço para o negro na mídia. E não tem nenhum problema em fazer empregada, desde que ela seja a protagonista (risos). Estou brincando”, declarou.

“Eu sou de um tempo que quando eu estava em uma novela, não tinha espaço para a Neuza Borges, porque temos a mesma idade. Quando a Xica Xavier estava, não tinha espaço para a Ruth de Souza, quando a Léa Garcia estava, não tinha espaço para uma atriz da idade dela, então éramos meia dúzia mesmo. Agora já existe uma preocupação maior, mas ainda temos que dar muita cotovelada para conseguir mais espaço para o negro na mídia”, disse.

Ela foi questionada sobre como demandar esse espaço: “É cobrando mesmo, denunciando, é falando: ‘Olha, estamos aqui!’. Eu fiz um catálogo de atores negros, eu e um grupo, eu consegui com a Ruth Cardoso, e ela conseguia patrocinar os projetos dela com verba de empresas privadas. Isso era muito legal”.

A artista também falou sobre a decepção em relação a suposta diminuição do racismo no país. “O racismo no Brasil sempre existiu e foi velado. Teve um momento que a gente achou: ‘nossa luta está dando resultado, não está vendo mais as pessoas estranhando um casal multirracial, as pessoas estão olhando com mais naturalidade. Que nada! Agora com as redes sociais está se vendo o quanto é violento. Não pode ver negro fazendo sucesso, como a Maju, que atacam, a Taís [Araújo] já foi atacada, jogador apenas porque não fez um gol é chamado de macaco”, completou. (A.N.)