Celso Cordeiro Filho
27/09/2018 19:17 - Atualizado em 01/10/2018 18:54
“Decidi apresentar este filme porque é uma viagem pela cultura popular. Além do mais, mostra a qualidade literária na MPB, que é inquestionável. Asseguro, inclusive, que somente no Brasil a música popular tem a qualidade da melhor literatura do país”. Com essa ponderação, o professor e pesquisador cultural, Marcelo Sampaio, justificou a apresentação, na quarta-feira (26), no Cineclube Goitacá, do documentário “Palavra (En)Cantada”, da diretora Helena Solberg.
Sobre a questão da qualidade poética na MPB, Marcelo lembrou que a música popular dos Estados Unidos fica longe do melhor da literatura daquele país. “A verdade é o seguinte: as letras da Música Popular Brasileira não deixam nada a desejar em relação aos grandes nomes de nossa literatura, como Guimarães Rosa, Machado de Assis e outros”, destacou. Também fez referência elogiosa ao roteiro assinado por Helena Solberg, Márcio Debellian e Diana Vasconcelos e enfatizou que o filme é muito criativo. Citou também as participações importantes de artistas, como Adriana Calcanhotto, Maria Bethânia, Chico Buarque, Arnaldo Antunes, Tom Zé, Paulo César Pinheiro, Martinho da Villa, Antonio Cícero, Dorival Caymmi, Zélia Duncam e Lenine, entre outros.
Vale destacar, ainda, que roteiro de “Palavra (En)cantada” constrói uma cadência interessante, indo resgatar a origem das canções, a tradição dos trovadores, as investidas da MPB, a Bossa Nova, o Tropicalismo, o Rap, o Hip Hop, discutindo inclusive, se as canções ainda têm espaço ou não no cenário cultural atual. Há também a citação de exemplos também como o compositor Cartola, que viveu no Morro da Mangueira, sem uma educação culta, mas criou obras impressionantes. Ou Zeca Baleiro que foi em busca da poetisa Hilda Hilst para musicar suas obras, criando um trabalho tão belo e endeusado por Zélia Duncan. “O documentário é riquíssimo e merece ser visto por todos. Afinal, temos ali o melhor de nossa cultura popular”, completou Marcelo.