Crítica de cinema - Mega Predador
*Felipe Fernandes - Atualizado em 21/09/2018 18:26
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Cena do filme ENTITY_quot_ENTITYO PredadorENTITY_quot_ENTITY / Divulgação
(O Predador) - Lançado em 1987, “O Predador” era um filme relativamente simples. Trazia o astro Arnold Schwarzenegger no auge de sua popularidade no meio da selva junto a um grupo de militares que enfrentavam uma criatura estranha e violenta que atraiu o espectador pelo seu incrível visual e por seus mistérios. Com o sucesso, logo em seguida foi feita uma continuação que levava a ação para a selva de pedra e começava o principal problema da franquia, a necessidade de criar e expandir a história dos predadores.
Passados 26 anos e um terceiro filme que é praticamente ignorado, “O predador” volta aos cinemas para apresentar a incrível criatura para uma nova geração, porém com suas (poucas) qualidades e diversos problemas, essa nova incursão da franquia é um retorno aos anos oitenta de várias formas.
Após ter sua operação interrompida pela queda de uma nave alienígena, o soldado McKenna (Boyd Holbrook) enfrenta um Predador e foge com peças de sua armadura. Uma vez preso, ele se junta a um grupo de desajustados soldados para salvar sua família que devido a suas atitudes entrou na rota de guerra entre diferentes tipos de Predadores.
A escolha do roteirista e diretor Shane Black (Máquina mortífera, Homem de ferro 3) para comandar o reinício da franquia diz muito sobre as intenções do longa. Black é um velho conhecido da franquia, (atuou no longa original) e traz várias características do seu cinema, principalmente em termos de roteiro, sua especialidade.
Black ficou famoso ao escrever todos os filmes da franquia “Máquina mortífera”, sua especialidade é esse tipo de filme, que trabalha a dinâmica entre uma dupla de contrastantes personalidades e traz no humor afiado seu maior diferencial.
Aqui, Black estende essa dinâmica a um grupo de desajustados soldados e trabalha a estranheza de cada um para trabalhar o absurdo de toda a situação. Tudo acontece de forma muito apressada, a cena que introduz e une o grupo tem diálogos terríveis e o filme nunca consegue fazer com que o espectador se importe com qualquer um deles. Parecem personagens de filmes de terror, que estão ali com a única finalidade de serem presas para as criaturas.
O humor é uma característica forte nos roteiros de Black, mas aqui soa forçado, ele nunca encontra o tom certo, em alguns momentos chega a quebrar a tensão de algumas cenas.
Se Black não acerta em sua especialidade, na direção ele não se sai muito melhor. A cena do Predador fugindo da base no primeiro ato é realmente interessante, violenta e ágil, ela cria uma expectativa que nunca se cumpre. Após a reviravolta do mega Predador (que já havia sido entregue nos trailers), o filme vai ladeira a baixo, com cenas pouco inspiradas e confusas, fica a certeza que Black deve abandonar a direção e seguir como roteirista.
O elenco tem atores conhecidos, principalmente para os fãs de séries de TV, mas o roteiro realmente não ajuda, todos os personagens são desinteressantes, de destaque fica mesmo para o talentoso jovem Jacob Tremblay (O quarto de Jack) que interpreta o filho autista do protagonista.
A verdade é que o visual incrível do Predador não causa mais medo e perdeu muito de seu poder visual junto ao público. A mitologia criada para o personagem também não ajuda e as ideias inseridas aqui são muito ruins. É clara a ideia de tentar trazer uma aura oitentista, vários elementos são comuns a longas da época, curioso é que o que mais faça falta a obra seja a concisão e a crueza do longa original.
Certamente, a pior caçada do Predador.

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