Para comemorar os cem anos de nascimento do cineasta sueco Ingmar Bergman, que morreu em 2007, o crítico de cinema Felipe Fernandes apresentou, na quarta-feira (12), no Cineclube Goitacá, o filme “O Sétimo Selo” (1957) e, na oportunidade, destacou a filmografia do homenageado lembrando que sempre manteve questionamentos em relação à morte bem como a Deus. “O filme que acabamos de ver faz indagações transcendentais e evidencia o medo da morte, mas no final fica a certeza de que a arte é uma forma de ir além”, observou.
Durante a apresentação, Felipe contextualizou ao lembrar que a peste negra (século XIII) deflagrada acabou com a esperança de vida de muita gente, é o tema central da obra prima do diretor sueco. Toda a simbologia do filme consegue mostrar esse lado sombrio da Idade Média. O uso do preto e branco foi essencial, sem falar da morte, interpretada por Bengt Ekerot. Começando pelo nome do filme que tem um significado peculiar: ele remete ao livro bíblico chamado “Apocalipse” ou “Revelação”, onde nele, é dito que na mão de Deus existe um livro fechado com sete selos, e que a abertura de cada selo resultaria em alguma coisa diferente, e o último, se aberto, culminaria no fim dos tempos. A peste negra é resultado desse sétimo selo aberto, que está causando o caos e todas as dúvidas existenciais na cabeça do protagonista Antonius Block, interpretado por Max Von Sydow.
Durante os debates, o publicitário e advogado Gustavo Oviedo destacou também as qualidades do filme de Bergman e lembrou que a todo o momento o cavaleiro Antonius Block busca um sinal vivo da presença de Deus. “A morte é concreta, mas não aparece nenhum sinal divino para justificar a fé. A postura de um agnóstico é bem coerente na história que se desenvolve”, observou. A sala do Cineclube Goitacá ficou completamente tomada sendo necessária a colocação de cadeiras extras. “É o filme mais emblemático de Bergman. Por isso, decidi exibi-lo aqui e também para comemorar os seus cem anos”, completou. (C.C.F.)