Barata Filho confirma mesada a políticos
24/08/2018 22:01 - Atualizado em 29/08/2018 16:04
Em seu primeiro depoimento ao juiz Marcelo Bretas, o empresário Jacob Barata Filho, conhecido como “Rei dos Ônibus”, e Lélis Teixeira, ex-presidente da Federação das Empresas (Fetranspor), admitiram a existência do que os procuradores da Lava Jato chamam de “Caixinha da Fetranspor”, que arrecadaria até R$ 6 milhões por mês para pagar vantagens indevidas a políticos. Entre os políticos citados estão o presidente licenciado da Assembleia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani (MDB) e o ex-presidente, Paulo Melo (MDB). Ambos estão presos desde novembro do ano passado, sendo que Picciani passou a cumprir prisão domiciliar a partir de março último.
Filho de Picciani, o empresário Felipe Picciani também prestou depoimento a Bretas nesta sexta-feira. Logo após, ele teve a prisão revogada pelo magistrado. Em março, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia negado liminar para soltar o empresário.
De acordo com Barata Filho, o esquema começou há 20 anos e, segundo os réus, beneficiou Jorge Picciani, que teria recebido da caixinha por cinco anos. O empresário ainda afirmou que “havia um acordo de pagamento para o deputado Jorge Picciani. O objetivo exatamente, a forma de pagamento, eu não sei precisar. Mas realmente o Jorge Picciani, como presidente da Alerj, teria que ter essa contribuição porque os projetos todos passam pela Assembleia”, afirmou. E acrescentou: “O deputado Jorge Picciani foi presidente da Assembleia por vários mandatos e, como presidente, era uma pessoa-chave para proteção (do setor) do transporte e pudesse evoluir em projetos que fossem para o benefício de todos”.
Lélis Teixeira também confirmou, pela primeira vez, a existência da caixinha da Fetranspor, mas disse que não participava das negociações. Ex-presidente, ele disse que era técnico, mas soube da existência de vantagens indevidas por Picciani e Melo. Lélis garantiu também que Edson Albertassi recebeu as vantagens através de rádios de sua família no interior.
À imprensa, a defesa de Picciani disse que depoimento de Barata Filho “levanta apenas conjecturas, uma vez que ele diz que seria outra pessoa que faria os pagamentos e não informou que tipo de ajuda o deputado teria dado a ele e ao setor. É mais uma declaração confusa de alguém que quer fazer delação sem provas”. (S.M.) (A.N.)

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