Victor de Azevedo
11/08/2018 16:32 - Atualizado em 16/08/2018 16:43
Em tempos de desemprego e grave crise econômica nacional, São João da Barra é um oásis no deserto. Muito disso graças ao Porto do Açu, que é visto como a tábua de salvação da economia não só do município, mas da região Norte Fluminense. A construção do empreendimento foi iniciada em 2007 e desde então milhares de sanjoanenses nutrem a esperança de conseguir um emprego no Complexo. Mas esta é uma tarefa que não tem sido muito fácil nos últimos anos. Diante deste quadro, a Prefeitura de São João da Barra, através do Balcão de Oportunidades, tem sido fundamental na expansão do número de vagas de trabalho ocupadas por sanjoanenses nas empresas que atuam no complexo portuário. O Executivo também tem estendido a sua atuação a outros setores estratégicos para o município.
Segundo a Prumo Logística, atualmente o Porto do Açu emprega cerca de 4 mil colaboradores, sendo que, desses, 3.200 são da região de Campos e São João da Barra.
Carlos Henrique dos Santos, 26 anos, morador de Barcelos, ainda aguarda sua oportunidade de trabalhar no Porto. “Já me cadastrei de todas as formas possíveis para conseguir trabalhar lá. Acredito que vai chegar a minha vez. As pessoas às vezes falam pra eu colocar endereço de Campos, que é mais fácil para entrar, mas prefiro acreditar que não seja assim”, disse.
A questão da empregabilidade de sanjoanenses no Porto do Açu foi tema de várias reuniões envolvendo a Prefeitura de São João da Barra, a Câmara de Vereadores e as empresas que atuam no Porto do Açu. Recentemente, manifestantes se reuniram em Grussaí, em um escritório da empresa Andrade Gutierrez. Eles reivindicaram o aproveitamento da mão de obra local e levaram currículos para serem entregues à empresa.
Números apresentados pela superintendência de Trabalho e Renda mostram que atualmente 59% dos trabalhadores no canteiro de obras da construção da primeira termelétrica dentro do Porto são sanjoanenses. “Esses dados nos foram fornecidos pela empresa Andrade Gutierrez, responsável pela obra, e mostram, ainda, que 33% desse universo de 59% de trabalhadores atuando na construção são oriundos do Balcão de Oportunidades”, destacou o superintendente de Trabalho e Renda, Sávio Sabóia.
O setor disponibiliza à população a possibilidade de cadastro de currículo tanto na forma presencial como online, contabilizando em um período de um ano mais de 7 mil inscritos.
A intenção, de acordo com o superintendente, é receber de forma prioritária as demandas de mão de obra que estão surgindo. “Isso já vem acontecendo e permite enviar os currículos de moradores do município disponíveis em nossos cadastros, que são avaliados para possível contratação. Restando ainda vagas, as empresas utilizam outras políticas de busca por mão de obra qualificada, para que possam cumprir o cronograma de contratação imposto pela celeridade da obra”, finalizou.
Em nota, a Prefeitura de São João da Barra afirmou que a superintendência de Trabalho e Renda mantém um trabalho permanente na busca de informações junto às empresas que atuam o Porto do Açu sobre futuras contratações e os tipos de mão de obra mais solicitadas. “Desta forma, poderá ofertar a população qualificações que obtenham maior eficiência no processo de empregabilidade. A atuação se estende, também, a outros setores estratégicos para o município, como gastronomia, com capacitação e preparação voltadas ao empreendedorismo. Também serão iniciadas capacitações na área de Economia Criativa, buscando novas vertentes para a geração de emprego e renda”.
Feira de qualificação precisou ser adiada
Cercada de grande expectativa, a 1ª Feira de Empregabilidade e Qualificação (FEQ) que seria realizada em São João da Barra foi adiada por duas vezes. Inicialmente, a feira iria ser realizada entre 7 e 9 de junho, mas em função da greve dos caminhoneiros foi adiada para 2 a 4 de agosto. Porém, a Procuradoria-Geral do Município recomendou à secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico um novo adiamento devido ao período eleitoral. Uma nova data ainda não foi divulgada.
— Por se tratar de um evento inédito, que ainda não integra o calendário anual do município, o posicionamento é pelo adiamento da FEQ para período posterior ao eleitoral do ano de 2018, com o intuito de evitar interpretações diversas dos órgãos de controle — explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico, Luiz Paulo Madureira.
A proposta de FEQ é unir estudantes, pessoas já capacitadas, que buscam uma colocação profissional e entidades e empresas qualificadoras e empregadoras em um único espaço, para que sejam apresentadas as oportunidades que se intensificam, principalmente, a partir do desenvolvimento do Complexo Portuário.
Rede de Empregabilidade sofreu alterações
No início deste ano, o Porto do Açu divulgou mudanças na Rede de Empregabilidade, programa que concentra, em um único banco de dados, a mão de obra disponível local e os trabalhadores que atuam nas obras do Complexo Portuário do Açu. Desde então, os candidatos interessados em trabalhar no empreendimento, devem cadastrar o currículo na página da Rede no Portal Vagas.com. O endereço é www.vagas.com.br/rede-de-empregabilidade. O objetivo da mudança é otimizar o processo, já que será possível realizar a seleção de currículos de forma mais rápida e eficiente.
A Rede existe há 2 anos e foi criada para que todas as empresas que estão se instalando no Complexo, assim como os prestadores de serviços, utilizem os dados para contratação.
— Nossa premissa é ampliar a divulgação dos profissionais da região disponíveis no mercado. Queremos que eles tenham oportunidade de trabalho no empreendimento — disse Christina Barros, especialista em Recursos Humanos da Porto do Açu.
Em operação desde 2014 e com área total de 130 km², o Porto do Açu possui localização estratégica. São 9 terminais, divididos em áreas offshore e onshore. O empreendimento já movimenta cargas como granéis sólidos e líquidos, carga geral, minério de ferro e petróleo. No final de julho, o Ministro de Minas e Energia, Moreira Franco assinou na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a autorização para a implantação da Usina Termelétrica GNA II, que será desenvolvida pela empresa Gás Natural Açu (GNA) no Porto do Açu. O empreendimento contará com 1.673 MW de capacidade instalada.