Americano escapa da mesmice com Josué
13/08/2018 22:33 - Atualizado em 16/08/2018 13:12
No panorama de mesmice que impera no futebol brasileiro, o Americano buscou um atalho diferente. Num cenário de insegurança, imediatismo e cobranças, onde o mais do mesmo é o rodízio de treinadores a cada sequência de maus resultados, o Alvinegro foi buscar no carioca Josué Teixeira, 57 anos, o homem moldado não apenas para montar uma equipe visando resultados a curto prazo num clube acostumado às principais competições estaduais e nacionais, mas sem perder de vista o planejamento de longo prazo. O trabalho do manager visa à organização de um plano de trabalho de modo a aproveitar o moderno centro de treinamentos do Glorioso, em Guarus, a fim de proporcionar ao clube uma base financeira, com foco na colheita futura de novos talentos a partir de transferências de jogadores para construir alicerces sólidos e retomar seu espaço no topo onde se situam as grandes forças do futebol brasileiro.
Com contrato de dois anos com o clube, Josué considera essa mudança de conceito o caminho para os clubes de menor investimento ingressarem na trilha do crescimento.
— A proposta do clube me atraiu, a de trabalhar com esse planejamento no longo prazo. No Fluminense e outros clubes, sempre trabalhei com uma proposta de administrar todo o futebol. Só que em clubes de maior investimento é mais difícil, você entra em conflito com o gerente e o executivo porque cada um tem uma cabeça. Você pensa em opções de contratações que às vezes colidem com o que eles pensam. São três ou quatro pessoas que são contra uma indicação sua. Então, quando o Carlos Abreu (presidente) me convidou falei até que não precisava contratar um gerente porque eu queria fazer essa função. Contratar um gerente ou um executivo pra só pra ter cargo, não há necessidade. Então, concluímos que seria momento certo fazer essa transição, essa mudança de conceito — comentou.
No Brasil, onde é comum os clubes demitirem treinadores e comissão técnica em questão de meses, até semanas, Josué admite que é difícil implementação de um trabalho de longo prazo, inspirado no modelo de organização da Europa.
— Isso é comum na Inglaterra ou em Portugal. No Brasil, esse trabalho de manager é pouco usado porque há muita vaidade e envolve uma questão de comando, é difícil implementar isso. O Vanderley Luxemburgo tentou fazer isso algumas vezes, mas não conseguiu. Num clube de menor investimento é mais fácil fazer essa transição — disse ainda.
No curto prazo, os resultados não demoraram. O Americano conquistou o primeiro turno do Estadual da Série B1, lidera a competição na soma total de pontos e encaminhou a classificação às quartas de final da Copa Rio.
— O encaixe tem sido perfeito. Conto com uma equipe de funcionários e a comissão técnica que me apoia bastante. Além de tudo, fomos felizes nas contratações. Atletas que pouca gente conhecia hoje são destaques. Outros mais experientes também vieram a somar. Outros jogadores que recuperamos como Marcus Vinicius, que já havia trabalhado comigo. Acima de tudo, é importante ressaltar que são jogadores que primam pelo caráter, honestidade e respeito, qualidades que ajudam a formar nossos jovens jogadores. A resposta é que hoje cinco jogadores da base que no ano passado disputavam os juniores da serie B1 estão nos profissionais — analisou.
Lastro através de fundo de investimentos
Enquanto não alcança o sonhado acesso à Série A, o Alvinegro busca criar um fundo de investimentos junto a um grupo de 10 empresários de Campos e de fora do município, a fim de permitir um lastro financeiro ao clube. Em troca, esses empresários teriam participação em eventuais transferências de jogadores. Em tempo, Josué também, através de seus conhecimentos no Rio, tem buscado parceiros para o clube neste momento de dificuldades financeiras.
— Hoje já são seis deles e vamos fechar esta semana essas negociações que nos dará uma boa sustentação financeira até o término desta competição. Mas isto até o dia 22 de setembro, porque a partir daí, com o acesso à Série A, o clube pode se manter de forma mais independente e bem estruturada porque contará com uma verba da Federação e da televisão. Vai ter como se sustentar e crescer — detalhou Josué Teixeira.
— O Americano tem tudo pra ser o clube da moda no Rio. Tem um moderno centro de treinamentos, um estádio que está sendo construído, que vai ser entregue no próximo ano, quando o Brasil irá sediar a Copa America. Isso representa a possibilidade de mais investimentos com os clubes do Rio usando nosso estádio porque o Maracanã talvez esteja reservado apenas para esta competição. Estamos idealizando no CT a construção de uma área de lazer com futvolei, piscinas e churrasqueiras que vai permitir o clube oferecer serviços ao seu associado — concluiu Josué.

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