Guilherme Belido Escreve - Vergonhoso contraste no Brasil
12/08/2018 10:50 - Atualizado em 13/08/2018 17:57
Não há como dizer diferente: é uma vergonha. Um completo disparate.
Em meio à crise não superada, que começou em 2015, virou recessão no ano seguinte e sinalizou arrefecer em 2017 – mas vários indicativos mostram que o fogo pode estar escondido debaixo das brasas que seguem acesas em 2018 – o Supremo Tribunal Federal resolveu incluir aumento de 16,38% para os ministros no orçamento de 2019, dependendo de aprovação do Congresso e sanção do presidente.
Pior que passar de R$ 33,7 mil para R$ 39 mil a partir de 2019, é o efeito cascata que o aumento produz, posto que o salário dos ministros do Supremo serve de base para os magistrados de todo País.
Só que não para por aí. Muito ao contrário, já na sexta-feira (10) o Ministério Público Federal aprovou o mesmo percentual de aumento, previsto para vigorar em janeiro de 2019, incidindo sobre salários que vão de R$ 28 a 33,7 mil reais.
Ainda mais estarrecedor, é preciso levar em conta que além do efeito cascata no Judiciário e MPF, é certo o impacto nos três poderes, tendo em vista que servidores públicos que recebem salário acima dos ministros do STF, em razão dos famigerados ‘benefícios’, são alvos do abate-teto. Trocando em miúdos: subindo o salário do STF, o abate-teto sobe.
Para o pobre, aumento de 15% significaria comida
No fim das contas, a situação é tão injusta quanto desproporcional. Vejamos: o servidor que ganha entre R$ 1.500 e R$ 2.000, seja municipal, estadual ou federal, se tivesse aumento de 15% (e a maioria está há anos sem reajuste), passaria a receber de R$ 225 a 300 a mais. Ou seja: os poucos reais de reajuste serviriam para o chefe de família completar a conta do supermercado que não está dando, para comprar carne mais duas ou três vezes por mês ou, quem sabe, assumir uma prestação para trocar os pneus ‘carecas’ do carro velho.
Só que na outra ponta, o aumento de 15% para quem recebe entre R$ 20 e 33 mil por mês, representa reajuste de R$ 3.000 a R$ 5.000. Em outras palavras, o acréscimo vai servir para financiar o carro de luxo ano 2017 para um outro ainda melhor, ano 2019; para redecorar o apartamento cujo visual esteja “cansado”; ou simplesmente para assumir prestações e renovar todo o guarda roupa com as melhores grifes.
A pergunta é muito simples: do que o cidadão que recebe R$ 33 mil e 700 por mês está sendo privado que precise de R$ 39.000? Pois é! A resposta é óbvia, não?
Merecer... evidente que merecem – Bem entendido, não se põe dúvida que as categorias que recebem os salários mais altos merecem o aumento de 4, 5, 6 mil reais. Estudaram para isso... trilharam um longo caminho para chegar onde chegaram e o que realizam no dia-a-dia em termos trabalho e decisão é de grande responsabilidade para a sociedade.
Mas não é disso que se trata. Trata-se de um País na corda bamba, que não se sabe se está saindo ou entrando em outra crise econômica e que vem exigindo sacrifícios de toda população.
Ora, sob esta ótica, há de se tirar de quem tem mais ou menos? Na hora dos sacrifícios, haveremos de tratar desiguais como iguais?
Aumento do Mínimo foi de R$ 17,00
O leitor pode achar que leu errado. Mas não. O “aumento” do Salário Mínimo em 2018 foi de R$ 17,00 (Dezessete reais). Logo, temos a um palmo de ‘nossa cara’ mais uma comparação: aumento de 17 reais após um ano de trabalho contra reajuste superior a R$ 5 mil reais. Penso, com todas as vênias e respeito, não há o que se falar.
Depois do assalto gigantesco aos cofres públicos, cujos esquemas de corrupção entre governantes, parlamentares e grandes empresários roubaram bilhões do povo, quem precisa ser melhor assistido: o que ganha 1, 2, ou 3 mil; ou 30?
O pífio “governo” Michel Temer, que felizmente está por menos de cinco meses, assumiu o Planalto concedendo aumentos incompatíveis com a realidade nacional para se manter no cargo... para tentar formar um escudo contra a acusação de golpista e das escandalosas denúncias que precisou “segurar” no Congresso.
De cara, a mídia observou: reclamou, levou! Bateu o pé, o Temer estava pronto para ceder. Foi assim no começo, com o Ministério da Cultura, e foi agora, na greve dos caminhoneiros.
Lá atrás, numa conjuntura ainda mais flagrante de aperto e necessidade de conter gastos, os delegados pediram aumento, levaram. O PRF pediu, levou. O Dnit também quis e logo foi atendido. E assim foi em outras categorias.
Na esteira de um presidente fraco e sem legitimidade, é como tem sido. E agora, o aumento do Judiciário, que logo vai alcançar as mais diferentes categorias, é uma bofetada na cara do trabalhador e a reafirmação de que o Brasil segue como um País de uma minoria cada vez mais rica e uma maioria cada vez mais pobre.

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