(O candidato honesto 2) - Após cumprir quatro dos quatrocentos anos de sua sentença, João Ernesto (Leandro Hassum) sai da cadeia disposto a esquecer o passado e seguir sua vida. Após salvar um garoto de um afogamento, seu nome passa a ser ventilado nas pesquisas com alta margem de aceitação. Procurado pelo maior partido do país e seu presidente vampiresco Ivan Pires (Cássio Pandolfi), ele resolve voltar à política para dessa vez mudar o país.
Fazer humor com a política nacional tem sido uma tarefa com terreno fértil. Mesmo com a polarização que divide o país, não dá pra negar que o cenário político tem proporcionado momentos que de tão bizarros, provocam o riso e obviamente indignação.
Logo, essa estratégia de lançar uma comédia que tem sua principal força na sátira dos últimos acontecimentos, bem próximo da corrida eleitoral, funciona por pegar o tema no calor do momento, mas para todos os efeitos, o filme já estreia datado.
“O candidato honesto 2”, causa o riso muito mais pela identificação das questões recentes do país, do que propriamente pela qualidade do texto, este ainda tenta atirar para todos os lados, mas tenho certeza que dentro da polarização (e da chatice), alguns vão ficar incomodados ao ver seu candidato sendo satirizado na tela grande.
O filme ainda traz algumas críticas mais sérias à política e a quem vive no meio, confesso que fiquei surpreso, mesmo que de forma rasa, não esperava encontrar qualquer senso crítico deste tipo. Porém, ainda se trata de um filme do Leandro Hassum.
Dentro de toda a situação, o filme ainda aposta no improviso e no humor gestual do ator, que consegue ser ainda mais exagerado que as sátiras, e com um timing falho, são diversas as piadas que não funcionam, pois o ator as estende ao máximo, forçando o riso.
Na necessidade de retratar o maior número de escândalos/situações possíveis, o filme fica sem ritmo e abandona qualquer possibilidade de apresentar algo novo, afinal, o desfecho do longa (não é surpresa para ninguém) já vem no próprio material de divulgação.
Outras características dos filmes do ator (é quase um gênero do cinema nacional nos últimos anos) é a de sempre trazer um elemento emotivo. Aqui a personagem Amanda (Rosanne Mulholland), funciona como a consciência e par romântico do protagonista, porém suas sequências ficam totalmente deslocadas, que ainda pesa a mão em uma reviravolta totalmente previsível e desnecessária no último ato.
Toda obra, em maior ou menor grau, é um documento de sua época. Se encontrarmos referências nessas situações, o mesmo não vai acontecer com o público do filme daqui a alguns anos. Fica a curiosidade, se esse público vai entender o filme apenas como uma comédia repleta de personagens bizarros, ou vai conseguir entender, que mesmo dentro dos exageros e da sátira, toda essa bagunça é baseado em eventos e pessoas que de fato existem.
Se bem, que conhecendo a política e o brasileiro, daqui a alguns anos, é capaz que a maioria deles ainda esteja por aí, pedindo seu voto.