“O filme está centrado em três palavras: controle, liberdade e ilusões. Aliás, vou dedicar essa sessão ao ator Yve Carvalho que durante sua vida lutou contra o controle”. As colocações iniciais são do psicanalista e dentista Luiz Fernando Sardinha que apresentou, nessa quarta-feira (29), no Cineclube Goitacá, o filme “Instinto” (“Instinct”, 1998), do diretor Jon Turteltaub, e que tem no elenco Anthony Hopkins, Cuba Gooding Jr e outros. “O filme nos faz repensar as relações humanas a fim de poder chegar à harmonia”, acrescentou.
Em “Instinto”, Anthony Hopkins interpreta Ethan Powell, um antropólogo que é uma mistura de Diane Fossey e Hannibal Lecter. Depois de viver mais de dois anos em meio aos gorilas, na África, ele foi preso por assassinar brutalmente dois homens e deportado para os Estados Unidos a fim de não manchar o nome da universidade em que lecionou. Enviado para uma penitenciária de segurança máxima cujos carcereiros (e o diretor) são caricaturas extraídas do excelente “Um Sonho de Liberdade”, o professor Powell passa a ser examinado pelo residente de psiquiatria Theo Caudell (Cuba Gooding Jr), que pretende escrever um best-seller inspirado neste caso, mas que acaba se horrorizando com as barbaridades cometidas com os pacientes mentais mantidos ali.
Além de abordar a violência e a superlotação nas prisões e o descaso para com os pacientes psiquiátricos, o filme ainda tenta encontrar tempo para fazer uma apologia do amor à natureza e para analisar as relações familiares. “Nós precisamos repensar a sociedade. Nos dias atuais, por exemplo, vemos pais sem tempo para os seus filhos. Todos estão envolvidos com seus interesses que se esquecem do afeto. Sinto que está faltando, para nós humanos, conversarmos mais sobre os problemas psicológicos que afetam as pessoas. Enfim, há um grande desencontro na sociedade atual. Por isso tudo, o filme é bastante enriquecedor para nos fazer pensar mais sobre todas essas questões”, destacou Sardinha.