Envelhecer com saúde é uma dádiva, ensinam os mais experientes. Para Betty Faria, 73 anos, a passagem do tempo agora é mais tranquila. Só que nem sempre foi assim. “Acho que o difícil é a virada dos 50/60”, confessa ela, que estreou, em “Malhação: Vidas Brasileiras”, como Olívia. “Nunca tinha sido convidada”, diz a atriz, que interpreta a paquera de Heitor (Luis Gustavo).
Essa não é a primeira vez que eles atuam juntos. Nos anos 1970, eles contracenaram na peça “Putz”. “É uma delícia voltar a contracenar com ele, porque é um excelente ator e uma excelente pessoa, extremamente carinhoso, amoroso. Me recebeu com muito carinho”, derrete-se Betty, com 53 anos de carreira.
Além da novela da Globo, a atriz está no elenco da minissérie “Se Eu Fechar os Olhos Agora” e do quadro “Os Infratores”, do Fantástico. Ainda tem um filme com Cacá Diegues. Todas as produções sem previsão de estreia. Em suma, Betty não para.
“Eu não sei quem reclama (falta de trabalho para a terceira idade), mas eu estou sempre trabalhando. Só parei para operar o joelho (em 2016) e está tudo lindo. Disso (trabalho) eu não posso reclamar. Eu só posso reclamar da idade porque o joelho ficou gasto. O prazo de validade de algumas coisas no corpo está vencido. Eu posso reclamar disso, mas da falta de trabalho, não. Vai me dando e eu vou fazendo”, avisa, animada.
Esse pique todo se deve a uma prática adotada pela atriz há anos. “Por sorte trabalhei minha cabeça, tive filhos, netos, trabalhos de muito sucesso. Não fiquei ressentida e prestei muita atenção em como envelheciam atrizes mais velhas do que eu. Prestei muita atenção no que eu gostaria de ser e no que não gostaria de ser, no que eu gostaria de fazer e no que não gostaria. Com isso, fui tirando o meu balanço para uma terceira idade”, explica.
Betty afirma não estar preocupada em rejuvenescer. “Eu tenho a minha idade e acho que estou muito bem com ela. A minha cabeça não é essa de querer parecer uma 'velha mocinha'. Não é essa a minha”, salientou.
Quando o assunto é assumir os fios brancos o que para algumas pessoas é uma decisão delicada, a veterana tira de letra. Era uma vontade antiga. “Dá muito trabalho, mas ficar grisalha é tudo de delicioso. Acordar, tomar um banho, sair com o cabelo molhado pela rua e não ter que se preocupar em secar. O cabelo virgem, grisalho, se está bem cortado, seca e já fica. É uma delícia. Liberdade total”, atesta ela, que até pintaria o cabelo de roxo. “Mas para a personagem”, ressalta.
Você se arrepende de alguma coisa na sua vida? “Muitas. Se eu der exemplo, vou trazer para o presente coisas do passado. Então, é claro que eu não vou falar”, desconversa. Taurina faz aniversário no dia 8 de maio, diz que não é de briga, como alguns de influência do signo, e sim de paz. “Sou uma pessoa que tem opinião, franca e verdadeira”, enfatizou. (A.N.)