Jhonattan Reis
14/08/2018 18:27 - Atualizado em 16/08/2018 16:54
Nesta quarta-feira (15) tem documentário brasileiro de cunho político na tela do Cineclube Goitacá, com entrada gratuita. O filme “No Intenso Agora” (2017), do diretor João Moreira Salles, será apresentado pelo cineasta e crítico de cinema Felipe Fernandes. A sessão tem início às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado na esquina da rua Conselheiro Otaviano com a rua Treze de Maio, no Centro de Campos.
O documentário justapõe, através de imagens de arquivo, uma série de acontecimentos distintos da década de 1960. Entre eles, a revolta estudantil em Paris, na França; a Primavera de Praga, na atual República Tcheca, em meio à dominação da antiga União Soviética; e a China de 1966, sob o regime de Mao. Todas as situações foram experienciadas à época pela mãe do diretor do longa-metragem.
— Este documentário é um pouco intimista. O João Moreira Salles perdeu a mãe dele muito novo, já que ela cometeu suicídio. Em 1966, ela fez uma viagem para a China, a convite de uma revista francesa de artes. O diretor, então, pegou imagens e anotações que a mãe dele fez nessa viagem e, com o material, foi tentando conhecer mais sobre ela. Depois, ainda com esses registros, resolveu fazer um paralelo com questões político-sociais que aconteceram naquela década, como a revolta estudantil ocorrida em Paris em maio de 1968 — comentou Felipe Fernandes.
O apresentador da noite explicou que também há imagens de uma manifestação em Praga e até de fatos ocorridos no Brasil.
— São muito poucas. Há mais imagens da China e da França mesmo. Mas são registros muito raros, de momentos bastante importantes. Como o diretor diz, no começo do filme: “nem sempre sabemos o que estamos filmando”.
Felipe Fernandes também comentou sobre o trabalho de Moreira Salles.
— Ele é um documentarista famoso no Brasil, sendo discípulo do Eduardo Coutinho, grande documentarista brasileiro. João Moreira Salles trabalhou com Coutinho e acompanhou muito de perto o trabalho dele. É simplesmente um grande diretor, que fez um belo trabalho neste filme. E, antes de “No Intenso Agora”, o último filme dele tinha sido “Santiago”, em 2007 — disse.
O cineasta e crítico de cinema comentou que logo que assistiu a “No Intenso Agora” pensou em exibi-lo no Cineclube.
— É um documentário muito interessante, que aborda diferentes visões sobre questões políticas e sociais. Além disso, completou-se, no último mês de maio, 50 anos dessa manifestação ocorrida na França. E algumas questões ocorridas na França naquela época ainda são pertinentes não só lá, como também aqui no Brasil. Exemplo disso é a vontade dos jovens em ajudar a classe operária, em transformar o país.
Para Felipe Fernandes, o filme de João Moreira Salles dará um bom debate.
— Isso porque acho que ele aborda muitos temas que irão afetar as pessoas de formas diferentes, de acordo com a personalidade e vivência de cada um. É um documentário que traz muita informação e que provoca muitas reflexões sobre nossa posição na sociedade, nossa forma de ver o próximo. Com certeza, vai ser uma experiência interessante e vai despertar algo pessoal em cada um.