Foi com aplausos que subiram os créditos do filme “Os Sete Amores” (Seven Chances, 1925), dirigido e estrelado por Buster Keaton, na sessão do Cineclube Goitacá dessa quarta-feira (8), na sala 507 do edifício Medical Center, no Centro. A obra foi apresentada pelo professor, ambientalista e crítico de cinema Aristides Soffiati, que segue com a premissa de exibir obras da década de 20 que contribuíram para a história do cinema em vários gêneros. O objetivo, dessa vez, foi continuar com o gênero comédia, exibindo um filme de Keaton, um dos nomes de maior expressão no gênero à época. Soffiati também visou mostrar como eram realizados os efeitos especiais nos anos 20. Para isso, exibiu, além de “Os Sete Amores”, os curtas-metragens “Alice no País das Maravilhas” (“Alice in Wonderland”, 1903), dirigido por Cecil M. Hepworth e Percy Stone, e “Slippery Jim” (1910), de Ferdinand Zecca.
Soffiati, logo no início da sessão, falou sobre a importância de comédias dos anos 20 para a história do cinema.
— Os comediantes dessa época são muito relevantes e tudo o que veio depois teve, de certa forma, inspiração nos trabalhos dessa época. Hoje em dia, a gente se lembra de um ou outro comediante atual de relevância. Porém, eles não têm a mesma notoriedade que os dos primórdios. Há nomes incríveis dessa época, mas que ficaram meio esquecidos com o passar dos tempos, como Keaton, Harold Lloyd, Stan Laurel e Oliver Hardy (estes dois conhecidos como “O Gordo e o Magro”). No máximo, as pessoas lembram de Charles Chaplin — disse ele, que exibiu, no mês passado, “O Homem Mosca” (“Safety Last”, 1923), estrelado por Lloyd.
Logo após a exibição de “Os Sete Amores”, o apresentador da noite comentou: — É um filme incrível, e que causa risos até hoje, como pudemos ver aqui no Cineclube. Como este, há vários filmes do Keaton que são muito inteligentes.
Sobre os dois primeiros filmes apresentados, Soffiati destacou a forma como foi feita os efeitos especiais:
— Essa versão de “Alice no País das Maravilhas” é a primeira experiência que se faz de levar essa conhecida história para o cinema. Hoje em dia temos muita tecnologia. Mas fazer um filme que envolve várias questões de fantasia e sem recurso nenhum, como foi à época, foi muito difícil. O diretor precisou usar vários recursos de efeitos especiais, principalmente na questão de os cenários permitirem o aumento e a redução dos corpos. Já Zecca foi uma das pessoas que contribuiu para consolidar o cinema como uma arte. Os efeitos, pra época, são incríveis. Ele se vale muito dos efeitos especiais, sobretudo do stop motion (técnica que consiste em utilizar várias fotografias em sequência para simular movimentação de objetos).
No debate ocorrido depois da sessão, a médica Sandra Maria Teixeira dos Santos relatou, sobre o filme de Zecca: “É impressionante como o diretor ele conseguiu fazer isso naquela época. Ele era um ‘mágico’”.
O advogado e publicitário Gustavo Oviedo falou sobre a versão de “Alice no País das Maravilhas”. “É ótimo poder ver como era um filme numa época em que a narrativa cinematográfica nem tinha sido constituída ainda”, disse. (J.H.R.)