"Sete Amores" no Cineclube Goitacá
Jhonattan Reis 07/08/2018 18:14 - Atualizado em 09/08/2018 14:37
Nesta quarta-feira (8) tem comédia dos anos 20 na tela do Cineclube Goitacá. “Os Sete Amores” (Seven Chances, 1925), dirigido e estrelado por Buster Keaton, será exibido a partir das 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado na esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos, com entrada gratuita. Quem apresenta a obra é o professor, ambientalista e crítico de cinema Aristides Soffiati, que segue com o objetivo de exibir obras da década de 20 que contribuíram para a história do cinema em vários gêneros. Antes do filme de Keaton, Soffiati apresentará dois curtas-metragens: “Alice no País das Maravilhas” (“Alice in Wonderland”, 1903), dirigido por Cecil M. Hepworth e Percy Stone; e “Slippery Jim” (1910), de Ferdinand Zecca.
— A ideia, com as apresentações dos filmes (da década) de 20, é mostrar os primórdios do cinema, como a sétima arte se constituiu. Depois de passar por vários gêneros, como documentário, documentário dramatizado, drama, terror e ficção científica, estou apresentando o gênero comédia. Na minha última apresentação (no último dia 4 de julho), exibi “O Homem Mosca” (“Safety Last”, 1923), de Fred C. Newmeyer e Sam Taylor, estrelado por Harold Lloyd. Agora é a vez de mostrar o mesmo gênero com Buster Keaton — disse Soffiati.
O apresentador da noite explicou que os mais famosos comediantes do cinema começaram suas respectivas carreiras na segunda década do século XX, época em que Charles Chaplin já era o grande nome do gênero. Os principais comediantes, conta ele, eram, além de Chaplin, Harold Lloyd, Buster Keaton, Stan Laurel, Oliver Hardy (estes dois conhecidos como “O Gordo e o Magro”), Ben Turpin e W. C. Fields.
— Inicialmente, todos eles tentaram copiar Chaplin. Porém, não “colou”. O “Carlitos” era praticamente inimitável. Então, cada comediante foi buscando o seu próprio caminho. Laurel e Hardy perceberam que faziam sucesso juntos, como “O Gordo e o Magro”, em um tipo de comédia que ficou conhecido como “pastelão”. Lloyd criou um rapaz nerd, com óculos de aros redondos. Já Keaton se notabilizou pelo rosto frio, o homem que jamais ria, mesmo no meio de cenas incrivelmente hilárias, e assim por diante.
“Os Sete Amores” conta a história de Jimmie (Buster Keaton), um rapaz completamente azarado e que está passando por grandes dificuldades financeiras. No entanto, num determinado dia, em meio a grandes apuros, ele fica sabendo que seu avô lhe deixou uma herança de sete milhões de dólares. Porém, para receber o dinheiro, ele terá que se casar até as 19h do dia do seu 27º aniversário, o que terminará gerando uma série de muitas confusões.
Para Soffiati, os três principais comediantes da época foram Chaplin, Lloyd e Keaton.
— Preferi não apresentar uma obra de Chaplin, porque ele é muito mais popular e todos o conhecem. Apresentei, então, um filme de Loyd e agora estou trazendo ao Cineclube um de Keaton, que tem um trabalho incrível. Ele, como já disse, era o homem que nunca ria. Então, era um anticômico fazendo comédia, algo sensacional.
Aristides Soffiati ressaltou, ainda, que, além de destacar o gênero comédia nos anos 20, pretende ilustrar como o cinema foi construindo efeitos especiais. E foi para mostrar isso que decidiu apresentar os dois curtas, descritos como “raridades”.
— O primeiro, “Alice no País das Maravilhas”, de Cecil M. Hepworth e Percy Stone, é a mais antiga experiência dessa conhecidíssima história nas telas de cinema. Nesse filme, os cenários permitem o aumento e a redução dos corpos. Foi um esforço muito grande para fazer isso à época. Pode parecer rudimentar vendo hoje em dia, mas era algo impressionante quando foi lançado. E é importante a gente pensar que sem esses trabalhos iniciais, não haveria os efeitos especiais que temos hoje — falou ele, lembrando que o filme inglês tem apenas oito minutos de duração.
Em “Slippery Jim”, que dura nove minutos, Zecca utiliza stop motion — técnica que usa a sequência de fotografias diferentes de um mesmo objeto para simular o seu movimento —, rodagem inversa do filme, cortes e superposições.
— Isso tudo para reproduzir as mágicas do famoso personagem ilusionista Harry Houdini.
Já em “Sete amores”, Keaton utiliza, principalmente, a aceleração do filme, explica Soffiati.

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