Daniela Abreu
06/08/2018 20:03 - Atualizado em 09/08/2018 14:36
O tempo frio não foi capaz de conter a devoção do campista, que se agasalhou e saiu de casa para acompanhar a procissão que encerra a 366ª Festa do Santíssimo Salvador, padroeiro de Campos. No último dia da festa, nesta segunda-feira (06), houve missa pela manhã e à tarde. O cortejo saiu de frente da catedral às 17h e percorreu seis ruas da área central, levando fé e renovando esperanças.
Maria Joaquina de Souza, de 63 anos, mora em Travessão e não deixa de participar todos os anos da procissão de fé do Santíssimo Salvador.
— Eu não posso deixar de participar. Todo ano venho agradecer às graças alcançadas e glorificar ao Senhor, que até aqui, tem nos dado forças para continuar — disse a dona de casa.
Para Cristiane Sales, de 37 anos, que desde pequena frequenta a festa com os pais e avós, a ausência de shows nacionais devolveu o verdadeiro sentido da Festa de São Salvador. “Por muito tempo as pessoas vinham à festa só para ver os shows. Agora nós vemos a praça lotada, as famílias interagindo, a procissão cheia de fiéis, assim como a catedral ficou durante a missa. Em todos os dias que vim, não vi e nem fiquei sabendo de casos de violência. Eu acho que assim deve ser a festa do nosso padroeiro”, disse a jovem, acompanhada da mãe e da filha.
Para o bispo de Campos, Dom Roberto Ferrería Paz, a festa cumpre seu propósito de unir as pessoas em comunhão com o padroeiro da cidade.
— É um elo entre as gerações no tempo e no espaço, porque agrupa as famílias de diversas procedências. Popular no verdadeiro sentido da palavra, dá coesão e dá uma espiritualidade, uma mística à cidade. Podemos dizer que a festa do padroeiro é a alma da cidade, que é uma alma cristã. Amanhã tem a Marcha para Jesus e o Santíssimo Salvador é Jesus Cristo, que se transfigura no Tabor e revela sua identidade, sendo o filho e enviado do pai, aquele que ressuscitou e aquele que nos ilumina, ilumina nossa cidade. Por isso Campos tem a glória de ser uma cidade banhada pela luz do Salvador — disse o bispo.
Enquanto a procissão seguia, na praça, em frente à catedral, famílias se reuniram para provar doces e salgados vendidos nas barracas de obras e projetos sociais da cidade. Ao lado da igreja, uma fila sem fim se formou durante os quatro dias de festa para provar uma tradição mantida há décadas pela Paróquia do Santíssimo Salvador, os famosos bolinhos e torta de bacalhau.
— É uma tradição. Nos preparamos para esse dia. O bacalhau é trabalhado um mês antes da festa e são mais de 20 pessoas se revezando para fazer o bolinho — contou Lara Santos, que tem 19 anos e há três participa da organização da barraca.
O salgadinho é preferência dos frequentadores, que não se incomodam em enfrentar a fila para se deliciar. “Estou aqui tem uns 15 minutos e a fila só cresce, mas vale a pena”, disse Cláudia Santos, de 35 anos, que era aguardada pela família.
Enquanto as famílias interagiam na praça, a procissão saiu da Lacerda Sobrinho e seguiu pela Barão de Miracema, Alberto Torres, Barão do amazonas, Tenente Coronel Cardoso (Formosa), avenida José Alves de Azevedo (Beira Valão), até novamente a XV de Novembro, até a praça onde os fiéis receberam a bênção do bispo.