Entre as estreias da semana nos cinemas de Campos o destaque fica por conta do musical “Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo”. A crítica lembra que dez anos depois de “Mamma Mia!”, encontramos Sophie (Amanda Seyfried) sofrendo o luto pela morte de Donna (Meryl Streep) no ano anterior. Realizando o sonho de sua mãe, está às vésperas da inauguração do seu hotel Bella Donna na Grécia. Com problemas no casamento com Sky (Dominic Cooper) e os pais Harry (Colin Firth) e Bill (Stellan Skarsgård) ocupados, Sophie conta apenas com o apoio de Sam (Pierce Brosnan), Rosie (Julie Walters) e Tanya (Christine Baranski).
Dividido em duas linhas temporais, o filme é inteiramente uma homenagem à Donna, o verdadeiro espírito de Mamma Mia!. Viajando para 1979, descobrimos como a jovem Donna (Lily James) acabou em dúvida de quem era o pai de sua filha: o britânico adoravelmente esquisito (Hugh Skinner), o escandinavo mulherengo (Josh Dylan) ou aquele que seria o amor da sua vida (Jeremy Irvine).
Mesmo após tanto tempo, todos os atores voltam de maneira convincente para os seus papéis (sim, Cooper pode ser o Preacher e cantar ABBA ao mesmo tempo). Sendo assim, a expectativa caía sobre os mais jovens, e eles conseguem. Alexa Davies e Jessica Keenan Wynn são ótimas e engraçadas como as duas Dínamos faltantes. E os pretendentes trazem traços dos atores que representam seu futuro, ao mesmo tempo que nos convencem de que era possível sim para Donna se meter nessa confusão.
Contudo, o maior trunfo é Lily James. Substituir aquela que é uma das maiores atrizes da atualidade não é um trabalho fácil, e dificilmente agradará a todos. Mas, a doçura que beirava a afetação em Streep, parece ser inerente à personalidade da Cinderela. James entrega o espírito livre dos anos 70 sem exageros e interpreta as canções com o sorriso que define Donna, a mulher capaz de encantar três homens.
O musical “Mamma Mia!” foi criado décadas antes da adaptação cinematográfica de 2008, sendo assim, não é de se estranhar que algumas incongruências existam na continuação. Como o fato de vermos Harry ser deixado para trás em uma marina com o seu violão, o mesmo que Donna guarda por anos. Ou aprendermos que Donna teria por volta de 40 anos no primeiro filme, não justificando a escolha de Streep para o papel. Sem contar que, se Rosie e Tanya conheceram Bill jovem, por que ficaram chocadas ao descobrirem de sua existência quando mais velhas?
Deixando isso de lado, todo o resto funciona muito bem. Com a trama construída em volta das músicas, elas são bem encaixadas e nenhuma parece fora do lugar. Com exceção talvez da faixa Fernando, fica claro que o personagem de Andy Garcia foi criado apenas com o propósito de permitir que Cher cantasse essa música. Mas não é algo ruim, mesmo com a maquiagem pesada e a pele bem esticada, Cher ainda é a maior diva de todos os tempos e ouvi-la cantar é sempre uma bênção.
Um filme ensolarado e cheio de emoção, “Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo” mostra que a fórmula ainda tem fôlego. Boatos de um terceiro filme já começam a aparecer, mas outros dez anos podem se passar até a sua concretização. Até lá, só nos resta ouvir muito ABBA.
Permanecem em cartaz “Homem-Formiga e a Vespa”, “Uma Quase Dupla”, “Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas”, “Missão Impossível — Efeito Fallout” e “Os Incríveis 2”. (A.N.) (C.C.F.)