Documento aponta que empresa de coronel Lima intermediava pagamentos ilícitos a Temer
16/07/2018 18:01 - Atualizado em 17/07/2018 14:32
Documento juntado ao inquérito dos portos, que investiga o presidente Michel Temer, indica que supostos pagamentos indevidos feitos na década de 90 por parte de empresas do setor portuário passaram inicialmente pela Argeplan, empresa do coronel aposentado da Polícia Militar João Batista de Lima Filho, amigo do presidente e também investigado. A informação foi divulgada pelo blog da Andréia Sadi.
O inquérito apura se Temer editou, em troca de propina, um decreto com o objetivo de favorecer empresas do setor portuário, entre as quais a Rodrimar e o grupo Libra. Ambas têm terminais no porto de Santos, o maior do país. O governo tem dito que o decreto não foi editado com essa finalidade, e Temer nega ter recebido vantagem indevida.
A Rodrimar contesta as informações sobre o inquérito. Em nota, a empresa afirma que a própria Polícia Federal (PF) declarou, em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o decreto dos portos ajudou outras empresas, e não a Rodrimar. O grupo Libra reafirmou compromisso em cooperar com a justiça e interesse em que a verdade seja apurada. O Palácio do Planalto disse que não vai comentar.
O documento incluído, segundo a PF, é um complemento de outra planilha que integrava o inquérito 3105, sobre irregularidades no porto de Santos, que foi arquivado em 2011 pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF.
Essa tabela relacionava pagamentos a "MT", que seria Michel Temer, a "MA", que seria Marcelo Azeredo, indicado por Temer para comandar a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – estatal que administra o Porto de Santos, e a "L", que seria o coronel Lima.
Conforme a PF, o documento intitulado "Posição de Negócios" que também estava no inquérito 3105, trata do terminal 34/35 com participação do grupo Libra no porto, e destaca "contratos exclusivos" da Argeplan.
O documento diz que "todas as participações foram concedidas sem nenhum tipo de investimento por parte da Argeplan, além do cumprimento total das exigências políticas". Para a Polícia Federal, os dados indicam que os pagamentos apontados nas planilhas com as iniciais foram feitos por meio da Argeplan.
"Esse complemento de informações também estende a compreensão das informações da primeira planilha aqui apresentada (inquérito 3105), pois indica que os pagamentos apresentados nas planilhas para MT, MA e Lima teriam como destino inicial a empresa Argeplan. Além da inscrição 'todas as participações foram concedidas sem nenhum tipo de investimento por parte da Argeplan, além do cumprimento total das exigências políticas' que reforça o entendimento que a Argeplan funcionaria como intermediária dos pagamentos, ocorre ainda a ampliação da convicção da participação de agente político no suposto esquema, MT na hipótese em questão".
Fonte: G1

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