Jonas "entrega" Picciani no TRF-2
10/07/2018 11:48 - Atualizado em 10/07/2018 14:47
O ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes Júnior disse, em depoimento, nessa segunda-feira (9), no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani (MDB), era uma figura de grande influência na política fluminense, e que nada era feito no estado sem o seu consentimento. Picciani também foi interrogado nessa segunda no TRF-2 como réu na operação Cadeia Velha. O deputado afastado chegou a ser preso junto com outro ex-presidente da Alerj, Paulo Melo (MDB), e o então líder do Governo do Estado na Casa, Edson Albertassi (MDB), mas passou para prisão domiciliar para tratamento de um câncer. Durante a audiência, Picciani afirmou que se continuasse na prisão “teria morrido”.
Jonas Lopes, que foi indicado ao TCE pelo então governador Anthony Garotinho em 2000, foi o pivô da delação premiada que desencadeou a operação Quinto do Ouro. Cinco dos sete conselheiros da Corte de Contas chegaram a ser presos por corrupção e atualmente estão afastados dos cargos. “Nada havia no Estado que não fosse feito com a aquiescência do deputado”, disse Jonas Lopes. Ele afirmou que Cabral e Picciani, além de aliados, eram amigos, e que ele próprio também tinha uma relação cordial com Picciani. “Uma relação que posso chamar até de amizade”, disse.
Lopes afirmou também que comprou gado de Picciani e usou dinheiro ilícito recebido no esquema no TCE para quitar a transação. A negociação foi uma forma de simular uma origem para o dinheiro, reconheceu Jonas Lopes no depoimento. O delator declarou que pagou R$ 600 mil pelos animais, mas R$ 500 mil foram por fora, sem a emissão de notas fiscais, em dez parcelas de R$ 50 mil. Os comprovantes só foram entregues a ele três anos depois, quando ele já havia assinado o acordo de colaboração com a Justiça.
Picciani chegou ao TRF-2 numa viatura da Polícia Federal, ao lado de Mello e Albertassi. Em seu depoimento, o presidente afastado da Alerj chamou as acusações de “infundadas” e, fazendo alusão ao ex-governador e então aliado, Sérgio Cabral (MDB), disse que não esteve em Paris. “As pessoas nos partidos, na política, são assim mesmo. Eu não estava em festa, eu não estava em Paris (na Farra dos Guardanapos), eu não estava nas Olimpíadas. Nem em inauguração pouco me viram”.
Os três deputados são acusados de favorecer os empresários de ônibus nas votações da Alerj. O caso ficou conhecido como “caixinha da Fetranspor”. (A.N.)

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